sexta-feira, 30 de setembro de 2011

OS PROCESSOS DE DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA E DA ÁSIA DURANTE A GUERRA FRIA

Durante o século XIX as potências européias exploraram exaustivamente os recursos dos continentes africano e asiático. Apesar disso, algumas colônias obtiveram um relativo desenvolvimento que, para continuar, exigia a ruptura dos laços coloniais. A Segunda Guerra Mundial possibilitou uma mudança no panorama imperialista até então em vigor: povos sob dominação colonial descobriram seu potencial de resistência lutando na guerra.
A nova realidade do pós-guerra estimulou os povos dominados a reafirmarem os princípios de dignidade humana e direitos civis. A criação da ONU de certa forma consagrou o desejo e o direito a autodeterminação dos povos.
As novas nações acabaram contando em sua trajetória para a emancipação com o apoio dos EUA, interessados em ampliar seu mercado ao mesmo tempo consolidando sua liderança do bloco capitalista, e da URSS, empenhada em consolidar sua posição militar e econômica atraindo novas nações para sua esfera de influência. Assim sendo, o processo de descolonização tornou-se uma das pecas do jogo entre capitalista e comunistas, que iria receber o nome de Guerra Fria.
O processo de libertação do domínio colonialismo passou por dois caminhos bastantes distintos: o pacifico e o violento. O primeiro, se dava quando a metrópole abandonava a colônia, transferindo o poder para as elites locais, que já eram “sócias” do imperialismo. Assim, a metrópole continuava exercendo seu domínio econômico sobre a ex-colônia, principalmente por intermédio de investimentos de empresas multinacionais que tinham seus interesses garantidos pelos governos locais dominados por aliados nativos. O imperialismo se fantasiava para continuar a exploração. Já o segundo caminho, o violento, o processo que se desenvolveu foi o de luta armada, ocasionando rompimento total entre a colônia e a metrópole. Como na maioria dos casos as elites locais se aliavam a metrópole, o combate ao imperialismo ficou com movimentos de inspiração comunista ou com pó próprio Partido Comunista local, assim mesmo quem não era socialista, mas tinha ideal nacionalista apoiou o processo revolucionário ou guerra contra o domínio imperialista. 
Para se exemplificar, a Grã-Bretanha, percebendo que o processo de emancipação era irreversível, procurou preservar as novas nações sob sua influencia consolidando a chamada Comunidade Britânica das Nações, promovendo uma gradual descolonização e integrando as ex-colonias no seu circulo de relações econômicas, como aconteceu com a Índia, África do Sul, Quênia etc...  Por outro lado, o caso da Franca foi diverso, procurando neutralizar os movimentos recorrendo à força. A situação gerada criou condições para a intervenção de grupos comunistas, que com a conquista da independência, estes grupos imprimiam uma orientação anticapitalista ao sistema econômico e social local, caso clássico é o Vietnã.
O jogo de interesses dos EUA e da URSS entre os seus aliados e protegidos na Ásia, gerou uma serie de conflitos que de uma lado os EUA tentavam barrar a escansão do comunismo pelo mundo e do outro a URSS apoiando lutas pela libertação dos povos dominados pelo imperialismo capitalista, que em alguns casos repercutem até hoje seus efeitos. Neste grande jogo de xadrez, viu-se a Guerra da Coréia e a sua divisão em duas, uma capitalista (sul) e outra comunista (norte) , a Guerra do Vietnã, cujo processo de independência encaminhou o país para uma orientação comunista alarmando os EUA por sua posição estratégica no sudeste asiático , o surgimento da Questão Palestina e os conflitos entre árabes e israelenses, a Guerra no Líbano e o florescimento do fundamentalismo no Oriente Médio.
Quanto à África, o processo que se desenvolveu foi muito parecido com o da Ásia no pós-guerra, no entanto, as diferenças étnicas, religiosas e tribais favoreceram, em alguns casão o surgimento de regimes totalitários depois do domino colonial, como foi o caso de Zaire (atual República Democrática do Congo).
A colonização deixou marcas profundas no continente africano, cuja cultura foi agredida. Além disso, tendo dividido o território segundo seus interesses, as metrópoles colonizadoras estabeleceram fronteira artificiais que não respeitaram as diferenças étnicas, reunindo num mesmo território povos inimigos, como o caso do conflito em Ruanda entre os tutsis e os hutus. Com base na ideologia da superioridade dos europeus, acabou por se instalar em algumas regiões rígida e odiosa segregação racial, caso da África do Sul e seu apartheid, que durou até a década de 1990.
Assim como na Ásia, algumas estratégias marcaram o processo de descolonização francês e britânico: enquanto os britânicos tentavam instalar um autogoverno e integrar as ex-colonias a sua esfera econômica, os franceses resistiam no reconhecimento do processo, o que em varias ocasiões se transformou em conflitos sangrentos, como no caso da Argélia.
A descolonização das colônias portuguesas na África merece destaque. Foi o movimento ocorrido da própria metrópole que desfecho o processo de independência das colônias africanas. A Revolução dos Cravos de 1974 colocou fim ao estado autoritário português abrindo possibilidades de liberdade para Angola, Moçambique e Guine Bissau. Mas um fator complicaria o processo, a existência de movimentos pró-independencia desde a década de 1960 traria disputas internas pelo controle do poder nos novos países. O caso angolano foi o mais grave, desencadeando uma guerra civil que perdurou até o final do século XX, arrasando o pais e seu povo.
Havia um especial interesse dos países desenvolvidos pela África: os regimes totalitários que se estabeleceram pós-independência eram bons compradores de armas. A Guerra Fria ganhou destaque na África com a saída de Portugal de suas coloniais, abrindo caminho para o surgimento de regimes comunistas em Angola e Moçambique. As disputas internas e regionais estimularam os governantes a investir em armas poderosa apesar da situação de miséria de suas populações.
Pode-se, concluir que somente os interesses dos países desenvolvidos tanto capitalistas quando socialistas tinham importância no processo de descolonização do continente africano e asiático, não importando aos jogadores da Guerra Fria a situação social e econômica que mergulhavam as populações locais.

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