sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O FIM DA GUERRA FRIA: 1989-1992

Crise econômica e política
A crise do petróleo
No dia 6 de outubro de 1973, tropas egípcias e sírias atacaram Israel. Começava assim um novo conflito árabe-israelense. Os Estados Unidos apoiaram Israel e os países árabes adotaram represálias. Reunidos no fórum da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), concordaram em aumentar o preço do petróleo, reduzir sua produção e não vendê-lo aos países que ajudavam Israel. A conseqüência foi o início de uma crise econômica em escala mundial. Muitas empresas faliram por não conseguir enfrentar os altos custos de produção.
A 'nova' Guerra Fria: a frágil Détente nos anos 70
Nos anos 70, a política externa norte-americana e soviética caracterizou-se pelo intervencionismo. Na América Latina, a CIA apoiou o golpe militar no Chile que causou a morte do presidente Salvador Allende. Contudo, na segunda metade dos anos 70, durante a presidência de Jimmy Carter, houve uma mudança de atitude na política externa americana. A estratégia diplomática de Carter foi baseada no princípio de que não poderia haver distensão sem respeito aos direitos humanos. Mesmo assim, no final da década de 70, havia o medo de confronto armado entre as superpotências por causa das intervenções do exército soviético em Angola, Moçambique, Iêmen do Sul e Afeganistão, fatos que coincidiram com a revolução islâmica no Irã.
O governo Reagan
Ronald Reagan, eleito presidente dos Estados Unidos em novembro de 1980 e reeleito em 1984, foi o principal impulsionador da chamada 'revolução conservadora'. Esta revolução consistia em devolver a confiança na força norte-americana, perdida com a derrota no Vietnã – que colocou em dúvida a Eficácia militar dos Estados Unidos – e com o fortalecimento econômico da Alemanha e do Japão – que colocou em questão a hegemonia norte-americana como país número um da economia mundial.
A revolução conservadora
A revolução conservadora se manifestou com uma postura de força diante da União Soviética e na intervenção econômica e militar na América Central e no Oriente Médio. No plano econômico, Ronald Reagan adotou as medidas que Margaret Thatcher vinha aplicando na Grã-Bretanha: congelamento da contratação de funcionários públicos, redução dos impostos das empresas, redução de 30% nos impostos pessoais, eliminação dos impostos sobre a propriedade, aumento do orçamento da Defesa, transferência da assistência social para os órgãos governamentais locais e privatização das empresas públicas, entre outras.
Guerra nas Estrelas
Foi o nome pelo qual ficou conhecido o projeto de defesa espacial iniciado por Ronald Reagan. O presidente norte-americano tentou convencer a opinião pública, os políticos e os cientistas da possibilidade de criar um escudo espacial de proteção contra as armas nucleares soviéticas. O esforço econômico e militar necessário para competir com o projeto americano da 'Guerra nas Estrelas' foi decisivo para o enfraquecimento da União Soviética.
Para lembrar: A sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos é conhecida como Pentágono. Tem esse nome porque a planta do edifício tem a forma de um pentágono. Também é a sede do Alto Comando Militar, ou seja, o conjunto de altos cargos militares do Exército, Marinha e Aeronáutica dos Estados Unidos.
A crise dos valores ocidentais
A grande crise econômica que o Ocidente viveu, suavizada por curtos períodos de crescimento, provocou novos conflitos sociais. Nas sociedades do 'mundo rico', em especial na Europa, grande parte da população ficou excluída do acesso à formação, à cultura e ao consumo. Concentrada nos bairros mais pobres, essa parte da população passou a enfrentar dificuldades para encontrar trabalho. No cinturão das grandes cidades, começaram a ocorrer surtos de violência iniciados por gangues urbanas, como os skinheads. O desemprego aumentou com a chegada de numerosos imigrantes de países africanos e asiáticos. Como conseqüência, intensificaram-se os choques culturais e religiosos. Além disso, em muitos países, o sistema parlamentar se transformou numa máquina eleitoral muito distanciada dos cidadãos, que perderam a confiança nos políticos e nos partidos.
O governo de Mikhail Gorbatchev
A avançada idade dos líderes soviéticos fez com que, num período de três anos, o PCUS tivesse três dirigentes. A morte de Yuri Andropov (1984) e depois a de Konstantin Tchernenko (1985) levaram Mikhail Gorbatchev ao cargo de secretário do Partido Comunista e depois ao Kremlin. Depois da morte de Tchernenko, em 1985, Gorbatchev foi nomeado dirigente máximo da União Soviética. Na política interna, ele iniciou várias reformas estruturais conhecidas como Perestroika e Glasnost. Na política externa, a União Soviética abandonou seu controle sobre os países do Leste europeu. Em 1987, Gorbatchev assinou um acordo com Ronald Reagan para a redução do armamento nuclear instalado na Europa. Em 1988, ordenou a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão..
A Perestroika
Mikhail Gorbatchev iniciou uma política de transparência, conhecida como Glasnost, e deu impulso ao programa de reformas econômicas conhecido como Perestroika, palavra russa que significa reestruturação. Com a Perestroika, a maioria dos setores econômicos passou a funcionar como no Ocidente. Antes, era o Estado que determinava o preço das mercadorias. Com a reestruturação, o mercado passou a fixar os preços. Em alguns setores, como distribuição e comércio, a reforma substituiu a propriedade estatal pela propriedade privada. Foram incentivadas as empresas exportadoras e o reinvestimento dos lucros começou a ter mais liberdade.
A Glasnost
As reformas introduzidas na União Soviética para proporcionar maior transparência nas informações ficaram conhecidas pelo nome de Glasnost. A Glasnost foi o processo mais valorizado pelos intelectuais soviéticos. Seu resultado prático foi uma maior liberdade de imprensa, com denúncias dos abusos e torturas praticados pela KGB.
A queda do Muro de Berlim
Na madrugada de 9 de novembro de 1989, os cidadãos berlinenses recuperaram sua cidade. Nessa noite, caiu o muro de Berlim, marco da bipolarização que durante 28 anos dividiu não só a cidade, mas também famílias e ideologias.
Os antecedentes
Com o fim da Segunda Guerra, a Alemanha e sua capital foram repartidas em quatro zonas de ocupação. Em 1948, a União Soviética impôs o bloqueio de Berlim, encravada em sua zona. Depois desse incidente, surgiram as Repúblicas Federal da Alemanha (Ocidental, capitalista) e Democrática Alemã (Oriental, socialista). Os setores britânico, americano e francês de Berlim formavam Berlim Ocidental; o setor soviético constituía Berlim Oriental. Em 13 de agosto de 1961, a polícia e o exército da RDA começaram a construir um muro de 46 km, separando Berlim Oriental da Ocidental e impedindo a livre circulação de pessoas e mercadorias, pois a União Soviética queria impedir fugas para o lado capitalista da cidade.
Os 'ventos de liberdade'
Os 'ventos de liberdade' vindos da União Soviética repercutiram no Leste europeu. Quando a Hungria abriu sua fronteira com a Áustria, permitindo o livre acesso ao mundo capitalista, os alemães orientais se entusiasmaram. Com o anúncio da abertura das fronteiras da RDA, os alemães destruíram efusivamente o marco da bipolarização entre soviéticos e norte-americanos. A queda do muro de Berlim simbolizou o fim da Guerra Fria e o início do processo de unificação da Alemanha. Em julho de 1990, veio a integração econômica: o marco alemão se transformou na moeda única das duas Alemanhas. Na noite de 2 de outubro de 1990, os alemães finalmente comemoraram a integração da RDA e da RFA em uma só Alemanha, capitalista e membro da OTAN.
A desintegração do bloco socialista
A abertura que Mikhail Gorbatchev introduziu na União Soviética e a pressão dos povos – em geral, desejosos de acabar com a ditadura do Partido Comunista em seus países – fizeram com que, de junho a dezembro de 1989, subissem ao poder no bloco socialista vários governos reformadores. A desintegração do bloco socialista, a partir desse ano, se deu por várias vias: negociações entre as autoridades e oposição na Polônia, Hungria e Bulgária; revolução popular violenta na Romênia e manifestações de massa pela democracia na Tchecoslováquia e Alemanha Oriental.
O novo Leste europeu
Em junho de 1989, aconteceram eleições na Polônia. No ano seguinte, novas eleições levaram o líder do Sindicato Solidariedade, Lech Walesa, opositor do regime comunista, à presidência. O Partido Comunista húngaro converteu-se em Partido Socialista e a República Popular Húngara transformou-se em república parlamentar. Também na Bulgária os reformadores iniciaram políticas econômicas de choque para se adaptar à nova situação. Na Romênia, um enfrentamento civil terminou com a execução do ditador Ceaucescu e sua esposa. Na Tchecoslováquia, um candidato não-comunista, o escritor Vaclav Havel, chegou à presidência (Revolução de Veludo). Posteriormente, o país foi dividido em dois: República Tcheca e Eslováquia. Na RDA, Honecker foi substituído; Krenz decretou a abertura do Muro de Berlim e, pouco depois, Modrow formava um governo reformador. Na Albânia, 'farol do socialismo puro', pressões sociais levaram a reformas. Na Iugoslávia, explodiram antigos problemas étnico-religiosos e nacionalistas, gerando violentas guerras civis e a fragmentação do país.
O fim da União Soviética
Na União Soviética, a Glasnost (transparência política) e a Perestroika (reestruturação econômica) de Mikhail Gorbachev não atenderam às expectativas. Por outro lado, essas reformas estavam bem à frente do pensamento dos dirigentes da ala conservadora do partido e militares soviéticos. As repúblicas retomaram sua capacidade de autogoverno, o que para muitas delas significou recuperar a independência, como foi o caso da Lituânia, Letônia e Estônia. Em 19 de agosto de 1991, a 'linha dura' do Partido Comunista, apoiada por parte do exército, tentou um golpe de Estado em Moscou. A reação popular foi imediata, buscando bloquear o golpe e tendo em Bóris Yeltsin o comando da resistência nacional. Três dias depois a legalidade foi restaurada, porém com mudanças na ordem das forças.
A criação da CEI
A independência das Repúblicas Bálticas (Letônia, Lituânia e Estônia) e da Ucrânia possibilitou que os presidentes da Rússia, Ucrânia e Bielorússia, em dezembro de 1991, formalizassem a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), decretando o fim da União Soviética. Dias depois, os presidentes de onze das quinze repúblicas soviéticas confirmaram a CEI e o fim da União Soviética. A nova realidade fez Gorbatchev renunciar ao cargo de presidente e comandante-em-chefe das Forças Armadas soviéticas, transferindo o controle bélico-nuclear para Bóris Yeltsin. Nesse contexto, a Rússia procurou garantir sua tutela sobre as ex-repúblicas soviéticas, mas o nacionalismo separatista emergiu com vigor, exigindo uma ação mais agressiva russa para evitar uma maior fragmentação. O novo quadro político provocou mudanças econômicas e as antigas estruturas socioeconômicas foram desmontadas, agravando as desigualdades, o desemprego e a inflação. Conflitos étnicos e tendências separatistas explodiram e a transição não levou, necessariamente, à democracia.


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