segunda-feira, 18 de novembro de 2013

RENASCIMENTO CULTURAL EUROPEU


I - INTRODUÇÃO
Renascimento - movimento intelectual - artístico, literário, filosófico e cientifico, que ocorreu na transição da cultura medieval para a cultura moderna.
O termo Renascimento designa os séculos XV e XVI da história européia, época em que surgiu uma nova concepção de Homem e Natureza, assim como um renovado entusiasmo pela cultura clássica. 
Foi o historiador francês Michelet (1798-1874) quem pela primeira vez definiu o Renascimento no plano historiográfico. Pouco tempo depois, Jacob Burckhardt (1818-1897) publicou A Civilização do Renascimento Italiano (1860), conferindo ao vocábulo "foros de cidade" nos meios científicos. Apesar da visão romântica sobre o Renascimento, o historiador suíço consegue apresentá-lo como um movimento cultural que estabeleceu a transição do mundo medieval para o moderno.
Flavio Biondo (1392-1463) foi o primeiro a considerar a Idade Média (medium aevum) como um "período de mil anos de decadência cultural e artística", embora antes dele Petrarca já tivesse elogiado o esforço dos homens para dissiparem as trevas e voltarem ao brilho puro da Antiguidade greco-romana. Embora os historiadores da atualidade rejeitem a idéia de uma Idade Média submergida no obscurantismo - pondo em evidência o Renascimento Carolíngio dos séculos VIII-IX, a revolução tecnológica operada no mundo rural no século XI e o conseqüente renascimento urbano do século XII (decisivo para o nascimento da escolástica e conseqüente fundação das universidades) -, o certo é que os intelectuais daquela época estavam convencidos disso, considerando o seu tempo como um "novo nascimento".

II - CONTEXTO HISTÓRICO DO RENASCIMENTO:
  • Transição da cultura medieval para a cultura moderna;  
  • Transição do Feudalismo para o Capitalismo.
Plano Econômico:
  • Expansão Marítima e Comercial Européia;
  • Colonização;
  • Mercantilismo.
Plano Social: 
  • Ascensão da burguesia;
  • Processo de formação de uma sociedade burguesa.
Plano Político:
  • Formação dos Estados Modernos ou Monarquias Nacionais.
Plano Religioso:
  • Reforma Protestante;
  • Contra-Reforma Católica.
III - FATORES QUE FAVORECERAM: 
  • Desenvolvimento do comércio e das cidades
  • Progresso das Universidades
  • Proteção dos mecenas
  • Desenvolvimento do espírito crítico e da análise
  • Influência dos sábios bizantinos com a tomada de Constantinopla
  • Invenção da imprensa
  • Intenso comércio - Veneza e Gênova com o Oriente. 
IV - CARACTERÍSTICAS GERAIS:
O Renascimento traz como principais características o florescimento das artes, e um vigoroso despertar de todas as formas de pensamento. A redescoberta da antiga filosofia, da literatura, das ciências e a evolução dos métodos empíricos de conhecimento caracterizam todo este período que se inicia no século XV e prolonga-se até o séc. XVII. Em oposição ao espírito escolástico e ao conceito metafísico da vida, busca-se uma nova maneira de olhar e estudar o mundo natural. Esse naturalismo vincula-se estreitamente à ciência empírica e utiliza suas descobertas para aplicá-las nas obras de arte.
Os novos conhecimentos da anatomia, da fisiologia e da geometria são prontamente incorporados, possibilitando, por exemplo, a representação do volume pelo uso da perspectiva, dos efeitos de luzes e cores. Do ponto de vista filosófico, surge uma nova concepção do mundo e do destino do homem, uma visão mais realista e humana dos problemas morais.
A arte renascentista adquire um valor próprio: deixa de ser um veículo quase que exclusivo da religiosidade para tornar-se uma forma pessoal de expressão estética, ocupando um outro lugar na cultura da época. Do ponto de vista renascentista a arte é uma criação da inteligência, portanto sujeita a regras de perfeição apreensíveis e que podem ser formuladas e ensinadas com precisão. 

V - ASPECTOS FUNDAMENTAIS:
a)    Humanismo:
  • Valorização do ser humano;
  • Integração do homem à natureza - fantástico e sobrenatural
b)    Antropocentrismo:
  • Substituição da concepção teocêntrica pela antropocêntrica. O homem deixa de pensar o universo em função de Deus, tornando-se senhor do seu destino - homem como centro do Universo.
c)    Influência da Cultura Clássica (greco-romana):
  • Valorização da cultura e civilização clássicas, o que favorece o estudo do grego e do latim, a recuperação do Direito Romano na jurisprudência, a preferência pelas formas arquitetônicas e decorativas greco-romanas na arte.
d)    Individualismo:
  • Colocado no centro do mundo, o homem sente-se orgulhoso das suas capacidades intelectuais e tende a valorizar o espírito de iniciativa de cada indivíduo;
  • Artistas passam a assinar suas obras e os nobres encomendam auto-retratos.
e)    Racionalismo:
  • Razão mais importante que o sentimento;
  • O Homem passou a buscar explicações mais racionais e científicas para os fenômenos físico-naturais, sociais, políticos e econômicos.
f)     Hedonismo: auto-satisfação e realização espiritual.

VI - FASES DO RENASCIMENTO 
1301/1400 - trecento - pré-renascimento – Giotto
1401/1500 - quatrocento - Florença - capital artística - família Médici - pintura a óleo (Flandres para Itália) - obra de arte - mercadoria - Botticelli - Leonardo da Vinci - Verrochio (mestre de Leonardo) - Veneza - rica escola - riqueza e variedade de cores - jogo de luz/sombra - Bellini, Ticiano e Tintoretto
1501/1600 - cinquentano - Roma - papas mecenas (Alexandre VI, Leão X, Clemente VII) - Rafael (madonas) e Miguel Ângelo (escultor, pintor e arquiteto).

A – Nascimento
1 - cidades italianas: o Renascimento nasceu nas cidades italianas, mais especificamente nas cidades que enriqueceram com o comércio no Mediterrâneo, sendo Florença, Veneza, Pizza, Roma os mais importantes centros desse movimento, notadamente nas artes. Leonardo da Vinci (A última ceia, A Mona Lisa ou Gioconda, A virgem dos rochedos); Rafael Sanzio (madonas - representação da virgem Maria com o menino Jesus); Miguel Ângelo (afrescos da Capela Sistina, Moisés, Davi, Pietá); Ticiano (A fonte do amor e Vênus deitada).

B – Expansão
Com a expansão marítima a idéia Renascentista foi divulgada por diversas partes do mundo como na Inglaterra, Alemanha e os Países Baixos. 
Sofre processo de adaptação às condições de cada país e o maior desenvolvimento foi na Itália, pois fora dela (cisma protestante, Contra-Reforma, guerras de religião) impediram a materialização de suas potencialidades.
2 - Países Baixos - expansão comercial, financeira e manufatureira - burguesia flamenga e Holandesa:Desidério Erasmo ou Erasmo de Rotterdam (Elogio da Loucura - criticou os abusos da Igreja); irmãos Van Eyck (invenção da técnica de pintura a óleo; retratistas da classe burguesa). 
3 - Alemanha - não foi significativo devido: fracionamento político do país, declínio do feudalismo, colapso comercial da Liga Hanseática, reforma luterana e guerra religiosa:
Albrecht Dürer (A adoração dos magos e A Trindade); Hans Holbein (Henrique VIII e Erasmos de Rotterdam); Kepler (renascimento científico, aperfeiçoamento do heliocentrismo - planetas se movem em torno do sol com órbita elíptica).
4 - Inglaterra - retardado pela guerra dos Cem Anos e das Duas Rosas - consolidação da monarquia nacional e absolutismo Tudor - prosperidade econômica (expansão comercial e manufatura de tecidos): Thomas Morus (Utopia - sociedade ideal - princípios comunitários). Francis Bacon - sistematizou o método indutivo; William Shakespeare - teatro (Romeu e Julieta - drama romântico, Hamlet- tragédias, Ricardo III e Antônio e Cleópatra - dramas históricos, Sonhos de uma noite de verão, O mercador de Veneza - comédias).
5 - França - tardiamente devido à guerra dos Cem Anos e guerras de religião:
François Rabelais (Gargântua e Pantagruel - crítica de forma satírica a religiosidade medieval); Michel de Montaigne (Ensaios - obra filosófica em que defendeu maior tolerância religiosa).
6 - Espanha - conturbado devido a Contra-Reforma, Inquisição e descoberta da América (ilusória sensação de prosperidade): El Greco (imigrante cretense - Escola de Veneza - discípulo de Ticiano); Lopes de Vega (teatro) e Miguel de Cervantes (Dom Quixote - sátira devastadora dos valores da sociedade medieval decadente e do ultrapassado espírito de cavalaria).
7 - Portugal - essencialmente cortesão e seu apogeu coincidiu com o breve período de prosperidade econômica das descobertas. Gil Vicente; Luis Vaz de Camões (Os Lusíadas - epopéia da expansão marítima).

C - O apogeu do Renascimento
O apogeu do Renascimento deu-se entre 1495 e 1520. Este período, relativamente curto, revelou gênios como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, e Ticiano. Leonardo é considerado o modelo do pensador renascentista, engajado em experiências diversas e trazendo para sua obra o espírito inquieto e questionador que busca descobrir as leis que regem os fenômenos naturais. De outro lado, Michelangelo tipifica o gênio solitário e de temperamento explosivo. 

D - RENASCIMENTO CIENTÍFICO
a)    Nicolau Copérnico (Sobre as revoluções das Esferas Celestes - Terra gira em torno do seu próprio eixo e que os planetas se moviam em torno do Sol) abriu uma brecha na autoridade da Igreja, fiadora do sistema geocentrista de Ptolomeu. 
b)    Kepler - mecânica celeste, complementou o heliocentrismo copernico. 
c)    Galileu Galilei aperfeiçoou o telescópio dando valor científico à teoria de Copérnico - fundamentos da Física moderna - obrigado a abjurar o heliocentrismo para não ter morte na fogueira. Newton, um dos precursores da ilustração - princípios básicos da mecânica e lei da Gravitação Universal.
d)    Vesálio - pai da anatomia moderna (dissecação de cadáveres). 
e)    Miguel Servet - pequena circulação - queimado pelos calvinistas. 
f)     Paracelso - fundamentos químico-físicos da vida e estudos no campo da medicina.

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