sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA ÁGORA - UNISC (2006)

BROCHIER: OS FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS E IDENTIDADES DA COLONIZAÇÃO FRANCESA NO RIO GRANDE DO SUL


Vítor Hugo Garaeis *

Resumo

A cidade de Brochier, surgida a partir da colonização particular no Rio Grande do Sul, apresenta aspectos singulares, marcados pela presença francesa e o posterior estabelecimento de alemães e, principalmente, teuto-brasileiros, oriundos de outras colônias, conferindo a hegemonia cultural à etnia alemã, na virada para o século XX. Contudo, as transformações advindas de um contexto mais amplo, inclusive aquelas oriundas do processo de globalização, tiveram reflexos em Brochier, acarretando na descaracterização identitária. Assim, objetiva-se lançar um novo olhar sobre o tema, despertando memórias silenciadas no esquecimento. Isto justifica a ausência de políticas efetivas de preservação do patrimônio histórico-cultural da cidade, impedindo-se que os vestígios do passado venham a colaborar na compreensão mais clara deste, sujeitando estes restos à destruição ou descaracterização.

Palavras-chave: Memória, Identidade, Colonização, Patrimônio Histórico-Cultural.


Abstract

The city of Brochier, which appeared through the colonization of Rio Grande do Sul, presents unique aspects, marked for the French presence and the posterior settlement of the Germans and, mainly, teuto-Brazilians, who came from other colonies, giving cultural hegemony to the German ethny, on the turn of 20th century. Nevertheless, the changings coming from a wider context, including those resulting from the globalization process, reflected in Brochier, causing identity descaracterization. Therefore, our goal is to launch a new look over the theme awaking silenced and forgotten memories. This fact justifies the absence of effective policies, of preservation of the city historical and cultural patrimony, preventing these past vestiges from helping to have a clearer understanding of the facts, submitting such traces to destruction or descaractization.

Key Words: Memory, Identity, Colonization, Historical and Cultural Patrimony.

Os grupos humanos produzem imaterial e materialmente seu espaço, intervindo na natureza, destruindo e construindo, dando uma ordem ou desordenando, muitas vezes, incompatível com a ordem natural. Contudo, essa cultura produzida por gerações, ao longo do tempo, tem sofrido com as transformações impostas pela dinâmica da vivência social, cada vez mais globalizada, e suas distorções estão cada vez mais acentuadas na atualidade, ameaçando, não só o patrimônio produzido ao longo dos anos, como a própria convivência e sociabilidade.
 Diante desta realidade, preservar o patrimônio implica em preservar o homem social e, por conseguinte, preservar sua memória, sua cultura, seus traços identitários. Neste sentido, propostas que envolvem práticas da chamada Educação Patrimonial, com o intuito de conscientizar para a necessidade da preservação, conduziram à reflexão de temas, que contribuem para o resgate da memória local, bem como das representações cotidianas e das manifestações culturais, construídas neste mais de um século e meio de existência do espaço, de formação singular no contexto étnico-cultural do Rio Grande do Sul, cuja progressiva ocupação populacional e as modificações ali provocadas resultaram no que hoje é denominado Brochier.
O intento de resgatar a cidade, através das representações, ou por meio da “leitura da cidade”, entendendo o fenômeno urbano como um acúmulo de bens culturais, materiais e imateriais e, por conseguinte, a cultura,  como uma teia de significados tecidos socialmente, o espaço urbano, seja ele a cidade ou as etapas que antecederam sua configuração atual, leva à compreensão de que este é o território apropriado para a formação e reformulação destes significados expressos em bens culturais (PESAVENTO, 1995). Partindo-se deste entendimento, a cidade e sua trajetória de formação fornecem a possibilidade de revelar o cruzamento de dados objetivos (o construído, sinal, ícone) com subjetivos (a leitura da representação).
Para tanto, se verificou a necessidade de uma pesquisa, onde houvesse a interseção de uma abordagem que abarcasse tanto o macro quanto o microssocial, por entender que, em nível local, poderão existir experiências de excepcional relevância que, por sua vez, podem oferecer um outro efeito de conhecimento do real, considerando o que Revel (1996: 13) afirma:

[...] levar a sério migalhas de informações e em tentar compreender de que maneira este detalhe individual, aqueles retalhos de experiências dão acesso a lógicas sociais e simbólicas que são as lógicas do grupo, ou mesmo de conjuntos muito maiores.
Desta forma, elementos do espaço geográfico, que constitui a cidade de Brochier, tornaram-se objetos de estudo, onde o “jogo de escalas” permite visualizar um detalhe aparentemente invisível, que leva à pista de uma outra leitura do conjunto (REVEL, 1996), pois se constatou, neste espaço urbano, uma carência de dinâmicas, que busquem redimensionar os saberes construídos e vividos no tempo, por meio de releituras do passado.
Assim sendo, o que já é conhecido pela força do cotidiano pode ser revigorado com freqüência, através da oralidade. Ao ser cruzado com novas abordagens, pode contribuir para o surgimento de outras perguntas, suscitadas, principalmente, a partir das vivências experimentadas pelos diversos sujeitos/agentes históricos, ampliando o desejo de descobrir mais, remetendo a uma reflexão sobre o lugar onde vivem, suas memórias e, especialmente, sobre a organização formal da história, pois, de uma forma ou outra, a história do lugar confunde-se com sua história individual e familiar.
Portanto, conhecer um lugar, hoje, remete-nos a este lugar, ontem, contribuindo para a compreensão da sua dinâmica social, principalmente, das representações coletivas, das identidades e de uma infinidade de aspectos construídos, ao longo do tempo, sobre esta mesma realidade.

O Lugar: algumas referências

A cidade de Brochier, como as demais localidades que formam o município, localiza-se na região da Encosta Inferior do Nordeste, na Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul. Compõe, juntamente com os demais municípios banhados ou que possuem afluentes do Rio Caí, a microrregião do Vale do Rio Caí, sendo, também, membro da Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (AMVARC). Distante cerca de 98 Km, por via rodoviária, da Capital do Estado, possui acesso asfáltico, ligando a cidade aos demais municípios da região.
Emancipada desde 1988, juntamente com a cidade de Maratá, formara o denominado “Brochier do Maratá” que, com a emancipação de Maratá, em 1992, passou a se denominar Brochier. Tem, atualmente, uma área total de 109,50 Km2, sendo a área urbana de 2,5 Km2 e a rural de 107 km2. O município limita-se ao norte, com os municípios de Salvador do Sul e Poço das Antas; ao sul, com Montenegro e Paverama; a leste, com Montenegro, e, a oeste, com Teutônia e Paverama. A paisagem geográfica tem as características da Depressão Central do Estado, sendo formada por terrenos com altitudes variadas, comumente encontradas na região colonial, com ponto culminante, atingindo 750 metros acima do nível do mar. O sistema hidrográfico tem como principal característica a ocorrência de pequenos arroios, com destaque para o Arroio Brochier, que corta a cidade, antes de formar, com outros afluentes, o Arroio Maratá, que deságua no Rio Caí.
As características climáticas são do clima subtropical, predominante do Estado, e a cobertura vegetal nativa, definida pelo clima, tem nas matas subtropicais, com incidência de pinheiros e nas pequenas áreas de campos, sua principal característica no território do município. Segundo relatos e apontamentos estatísticos, à época da fundação do povoado, na área onde hoje é o espaço urbano, havia uma predominância de pinheiros, que acabaram servindo de matéria-prima para a nascente “indústria” madeireira do século XIX.
O município conta, atualmente, com 4.571 habitantes (IBGE, 2005), com uma densidade demográfica de 39,91 habitantes por Km2. Descendente, principalmente, de etnias européias (franceses, alemães, italianos e portugueses), africanas e indígenas (estas últimas constituem-se em minorias), a população do município tem como principal característica os traços marcantes da imigração alemã, expressa, principalmente, sob a forma do dialeto alemão Hunsrick, ainda falado por um número considerável de pessoas.
A cidade se formou a partir de um pequeno povoado, na primeira metade do século XIX, particularmente, a partir da década de 1860, e, na atualidade, tem destaque econômico, em nível estadual, na acacicultura (carvão vegetal), bem como na citricultura e pecuária de corte. Como não poderia deixar de ocorrer, o espaço urbano se expandiu, ocupando, hoje, uma área cerca de dez vezes maior do que a área original dos meados do século XIX. No entanto, os antigos vestígios continuam presentes, praticamente, inalterados pelo tempo e pela ação humana, porém sem importância histórica maior para as gerações atuais.

O início do espaço urbano: a presença francesa e a colonização particular

Para a elaboração deste breve perfil histórico, fez-se necessário um levantamento bibliográfico e uma consulta às fontes primárias relativas ao tema. No entanto, tal trabalho não foi favorecido, por um lado, pela pequena quantidade de publicações disponíveis sobre o tema e, por outro lado, pela dificuldade de pesquisa direta em fontes documentais escritas, uma vez que as conhecidas, disponíveis em nível local, podem ser classificadas como raridade. Tal condição é preocupante, pois se tornam urgentes sua organização e a tomada de medidas para preservá-las.
Diante desta situação, contudo, não há conhecimento formal constituído sobre a existência de outras colônias particulares, estabelecidas no Rio Grande do Sul, na primeira metade do século XIX, por iniciativa de franceses. A bibliografia disponível sobre a temática é escassa, mas se tem conhecimento de colônias fundadas por franceses, por iniciativa governamental, em Pelotas e na região de Bento Gonçalves (GRANDO, 1989), o que justifica a necessidade de referenciar as origens da cidade devido à singularidade do seu processo de constituição, sua importância no contexto histórico da formação do Estado, bem como no da imigração européia no Brasil. Neste sentido, o que segue é uma síntese desenvolvida a partir das informações disponíveis e de pesquisa histórica, não pretendendo, de forma alguma, esgotar a busca de novos dados que possibilitem ampliar a discussão sobre o tema, mas, sim, contribuir para o desenvolvimento deste assunto.
Os imigrantes, de maneira geral, foram atraídos pela intensa propaganda mantida pelo Governo Imperial brasileiro na Europa, nas primeiras décadas do século XIX, que lhes prometia uma situação bem diversa daquela enfrentada em seus países e a que foi enfrentada em solo brasileiro, a partir do momento da sua chegada. Entretanto, no Rio Grande do Sul, até 1875, os fluxos migratórios que se tornaram predominantes foram os da etnia alemã e, a partir de então, prevaleceu a italiana. O caso da imigração francesa, embora seja numericamente muito inferior às duas etnias supracitadas, não deixou de ser expressivo, pois a maioria não veio ao Brasil por meio das políticas colonizadoras, mas, livremente, preferindo se estabelecer nos núcleos urbanos (GRANDO, 1989).
Todavia, o caso dos dois irmãos da família Brochier talvez tenha sido diferente, pois “[...] Augusto e João Brochier são, sem dúvida, os colonizadores mais interessantes da área do Maratá. De nacionalidade francesa, [...] embrenharam-se absolutamente sozinhos na mata no curso superior do Maratá” (RAMBO, 1999: 115).
Segundo depoimentos de descendentes, de algumas publicações esparsas e das fontes primárias escritas consultadas[1], os irmãos franceses, João Honório e Augusto Brochier, teriam partido do porto de Marselha (sul da França), em 1828, rumo à América do Sul. Chegando à capital da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, partiram em direção aos vales dos rios Caí e Taquari, instalando-se na região onde hoje se localiza a cidade de Brochier, entre 1832 e 1836.  A data de fundação do povoado é imprecisa, pela escassa documentação escrita e, sobretudo, pela polêmica nos relatos e fontes documentais consultadas. Entretanto, tal dado é irrelevante no momento, pois o objetivo do presente trabalho é estimular uma consciência preservacionista da memória e história da cidade e, de nenhuma forma, como já dissemos, esgotar o assunto.
Independente da polêmica cronológica citada anteriormente, o “povoado dos Brochier” surgiu distante, cerca de 25 km além da atual cidade de Montenegro, às margens de um arroio, cuja nascente principal se situa na atual localidade de Morro Paris e deságua no arroio Maratá. Tal arroio passou a ser conhecido como “Arroio dos Francesis” e sua povoação recebeu, na segunda metade do século XIX, a denominação de “Vila des Francesis”, primeiro núcleo urbano da extensa “Fazenda dos Brochier”, parte integrante da então Freguesia de São João do Monte Negro, segundo distrito do município de Triunfo, vulgo Porto das Laranjeiras, no rio Caí.
A oralidade aponta a existência de significativa presença indígena em toda a região, o que, com o estabelecimento dos europeus, possivelmente, resultou em uma migração dessas populações nativas para outras regiões. No entanto, pouco se sabe, de fato, sobre a presença indígena na região, sendo a temática ainda pouco explorada em pesquisas. Entretanto, é sabido que a chegada de outros franceses acelerou o crescimento demográfico do núcleo urbano, que se processou, juntamente com a atividade econômica, que se tornaria preponderante: o extrativismo de madeira. Os próprios irmãos Brochier construíram um engenho de serra, utilizando-se das forças das águas do arroio para o beneficiamento e transporte da produção.
Ainda é possível identificar os resquícios das primeiras ocupações dos europeus, principalmente, da cultura francesa, que foi adaptada numa tentativa de sobrevivência. Hoje, a presença dos descendentes e o que resta de cultura material, como ruínas de casas, túmulos, armas e objetos de uso cotidiano, reforçam a necessidade de articular uma conscientização em torno do resgate da memória da cidade e da origem do processo de construção da identidade do lugar, pois, atualmente, percebe-se esta identidade como empalidecida, descaracterizada por uma acentuada assimilação cultural. 
Diante da realidade de deterioração e perda total de uma variada gama de fontes primárias, que possibilitariam uma reconstituição do passado da cidade, por outros meios, além da tradição oral, torna-se urgente a tomada de medidas que visem à preservação do patrimônio material e imaterial. O processo de degradação patrimonial é mais visível através das modificações arquitetônicas, empreendidas ao longo dos anos, descaracterizando a originalidade das casas, tendo, por agravante, a falta de recursos humanos e financeiros para o implemento de políticas preservacionistas, por parte do poder público local. Assim, estão se comprometendo referenciais da memória individual e coletiva aí representados.

Pode-se pensar em qual relação existe entre o homem e o espaço onde este habita, esta relação é mais profunda que a de simples utilidade. [...] [a cidade] é resultado do poder de criação do ser humano, de modificação do ambiente natural, é enfim um artefato, uma imagem construída. [...] Mas mesmo sendo construção, artefato, a cidade carrega em si sentimentos, identidades que fazem com que seus habitantes nela se reconheçam, se encontrem, se referencializem. Ela é uma realidade objetiva, com suas ruas, praças, monumentos, e é sobre este real que os homens constroem um sistema de idéias e de imagens de representação coletiva. (GIOVANAZ, s.n.: 10).

A história de uma cidade é contada e recontada pelos lugares, praças, ruas, imóveis, esculturas e imagens. Quando perdem esses marcos, os indivíduos se desenraizam, perdem a identidade, o que reflete, também, na coletividade. Arrisca-se a ter uma cidade sem rosto quando se perdem ou se descaracterizam as casas antigas, igrejas e, até mesmo, o calçamento. De fato, deve haver progresso, desenvolvimento, numa convivência pacífica e harmônica, entre o presente e o passado, pois a cidade atual é fruto da cidade do passado e só continuará para o futuro, como um bom lugar para se viver, se respeitar este passado. Quando os marcos são preservados, temos a perpetuação da memória, que continua através e adiante deles, na construção de sua história. Por conseguinte, preservar é continuar, com dignidade, é crescer, com identidade.

A integração ao contexto regional: a presença alemã em Brochier


A chegada dos primeiros imigrantes alemães e, principalmente, de descendentes provenientes da primeira região de colonização alemã no Rio Grande do Sul, o Vale do Rio dos Sinos, se deu a partir da década de 1850. Tal fato está inserido no contexto de expansão da região de colonização alemã, isto é, o deslocamento de descendentes e novos imigrantes alemães, recém-chegados para as chamadas “regiões de colonização de segunda geração”, nos vales dos rios Caí e Taquari (MULLER, 1999:18).
A colonização na região, onde hoje se situa a cidade de Brochier, não foi diferente, pois “[...] as terras particulares do Caí caracterizaram-se pela particularidade de terem sido colonizadas quase que exclusivamente pelas colônias vizinhas, recebendo muito poucos imigrantes diretamente vindos da Alemanha” (RAMBO, 1999: 116). Assim, a presença germânica resultou, principalmente, da migração de descendentes de alemães, estabelecidos nas antigas colônias oficiais do Vale do Rio dos Sinos. Tal fato provocou a aceleração do crescimento demográfico e econômico, tanto do núcleo da vila, como das áreas adjacentes.

A maioria dos povoadores procedia das colônias velhas, razão pela qual derrubavam com facilidade a mata virgem transformando-a em florescentes plantações. A existência de extensos pinhais na região fez com que rapidamente se instalassem serrarias e não tardou desenvolver-se um movimentado transporte de madeira no Maratá [arroio]. Em pouco tempo, principalmente em Porto Alegre, as tabuas do Maratá transformaram-se em artigo de comércio muito procurado (RAMBO, 1999: 108).

A normatização da aquisição de terras, no Brasil, pela Lei de Terras, de 1850, acabou alterando a configuração dos lotes disponíveis, uma vez que, durante a primeira metade do século XIX, as terras adquiridas por imigrantes, quase em sua totalidade, fizeram parte do projeto de colonização governamental ou foram ocupadas irregularmente, sob a forma de “terras devolutas”. A Lei de Terras impôs a compra, proibindo qualquer outra forma de aquisição e a diminuição das dimensões dos lotes, surgindo, assim, a pequena propriedade rural, na região dos vales e serra do noroeste rio-grandense, que contrasta, desde então, com as extensas propriedades, nos campos do oeste e sul do Rio Grande do Sul. No entanto, na segunda metade dos anos de 1850, a Província recebeu, ainda, cerca de 5024 estrangeiros, dentre estes alemães (procedentes de várias regiões daquilo que viria, em 1870, a ser o Império Alemão), holandeses, espanhóis e franceses, sendo tal fato considerado um dos fatores contribuintes para a formação da pequena propriedade rural no Rio Grande do Sul, no século XIX que, mesmo diante das restrições impostas pelo governo brasileiro, deixaram a Europa do século XIX, em busca de melhores oportunidades (DACANAL, 1996: 30-45).
A venda de lotes da “Fazenda Brochier” aos migrantes teuto-brasileiros e imigrantes franceses e alemães resultou no surgimento de inúmeras localidades, circundantes à atual cidade de Brochier, como Neu Picad (atual Batinga Sul), Neu Frankreich (atual Linha Pinheiro Machado), Neu Holand (Nova Holanda), Tigertal (Linha Tigre) e outras. A expansão demográfica da região seguiu uma orientação semelhante à ocorrida em outras regiões coloniais rio-grandenses, nesta mesma época.
A presença de imigrantes europeus e de teuto-brasileiros teve reflexos não somente nos aspectos econômicos e demográficos, mas também político-administrativos, pois, em 1873, a “Vila dos Franceses” foi elevada a distrito do recém-criado Município do Montenegro, com o nome de São João dos Brochier (CAMPOS NETO, 1924: 444), constituindo-se, no núcleo urbano, de residências, estabelecimentos comerciais diversos (vendas, ferraria, carpintaria, etc), da Capela da comunidade (supostamente de maioria católica[2]), atendida pelo pároco da Paróquia de Montenegro, em visitas periódicas, e do Cemitério, onde foram sepultados os fundadores, em 1887, seus descendentes e demais moradores do lugar. Estas características, segundo Grando (1989: 77), eram comuns nos núcleos alemães, onde se processou a colonização de iniciativa particular, pois “(...) geralmente, [a comunidade] ganhava do empresário-fundador da colônia um terreno no qual edificava uma escola, a casa de moradia do professor, com lavoura para plantações, e um cemitério” (GRANDO, 1989: 77).
Na virada para o século XX, o distrito recebeu o nome de Vila Brochier, segundo distrito de Montenegro. A preocupação com o ensino e a saúde resultou na construção do prédio da Escola Paroquial São João, em 1929, e do Hospital São João, na década de 1940. Com uma economia familiar baseada na agricultura de subsistência, característica da colônia alemã no Estado, Brochier se destacou pela produção de milho, feijão e, nas décadas de 1950 a 1970, em nível comercial, também, de soja, que trouxe um visível desenvolvimento econômico e social à sede do então 9º distrito do município de Montenegro (OLIVEIRA, 1973: 24). Entre os anos de 1980 e 1990, a intensificação do extrativismo vegetal renovável, principalmente, após a emancipação política, resultou num acentuado crescimento econômico, impulsionado pela indústria carvoeira instalada em várias partes do município.
No aspecto cultural, as tradições cultivadas pelos teuto-brasileiros, que resultaram na fundação de Sociedades de Canto Coral, onde “a recreação girava em torno de sociedades de cantos (corais), e os imigrantes alemães cultivavam a cultura germânica” (GRANDO, 1989: 77), boa parte ainda em atividade; na formação de Bandinhas e Orquestras; e, principalmente, na reprodução de festas típicas como a do Kerb, permearam o cotidiano, tornando-se, com o tempo, predominantes em Brochier. Edvino Friderichs caracterizou com maestria a festa do Kerb, presente também em toda região de colonização alemã, no sul do Brasil.

A maior festa do ano na zona colonial alemã é o dia do ‘Kerb', isto é, a festa do orago da igreja, a festa da ‘Gemeide'. Semanas antes se realizam os preparativos, reúnem-se as provisões de cozinha e confeitaria, os doces, etc. No dia da festa, tudo está engalanado, com ar alegre e festivo, especialmente o salão principal de bailes da localidade. Este é adornado com guirlandas, coroas, flores e bandeirinhas. No meio do salão, há no teto uma coroa enfeitada de cujo centro pende uma garrafa de cerveja ou vinho, o ornato característico do ‘Kerb’. Essa solenidade, que dura três dias, reúne na aldeia e no salão local as sumidades em música e canto, os atletas, os melhores jogadores e discursadores da zona toda. O Baile de Kerb, que dura até a madrugada, decorre muito animado e ruidoso. A caninha e os licores, a cerveja e os vinhos, que pertencem à família dos ‘trepadores’, começam a esquentar aos poucos, e por fim a dominar as cabeças, até haver impactos, cenas violentas, e por fim verdadeiras brigas. Depois que passou tudo, é freqüente esquecerem os participantes os atritos ocorridos e exclamarem: ‘como foi formidável o Kerb este ano’. (FRIDERICHS apud VASCONCELLOS; MAUCH, 1994: 208).

Com essas características gerais, não é difícil de se encontrarem adaptações regionais ou mesmo locais à festa. Deste modo, se tornou uma das festas mais importantes dos descendentes alemães no Brasil, principalmente no sul, onde se pode encontrar o Kerb sob várias denominações: Kerb, Kirche, Einweihfest, Kerchweih, Kerw, Kerbe, Kirmes, Kächefest, etc, indicando uma relação com a festa da inauguração da igreja local, do padroeiro da localidade, do erguer o templo para cumprir uma promessa, também como uma festa para conseguir fundos para reformas, pintura, arrumação do cemitério, conservação da casa paroquial, etc. Além do congraçamento público, manifestado, principalmente, nos bailes, o Kerb apresenta sua faceta privada, ou seja, especialmente, os preparativos sempre fizeram desta festa, tipicamente teuto-brasileira, um elemento de forte união familiar, reunindo parentes próximos e distantes, tanto nos laços familiares, quanto geográficos, para celebrar, festejar a união, a fraternidade, a amizade e a vida em comunidade e em família.
No entanto, uma das conseqüências deste predomínio cultural teuto-brasileiro foi que a língua dos fundadores franceses passou a segundo plano, desaparecendo o seu uso.  Tal processo foi, certamente, estimulado pelo uso da língua portuguesa, nas transações comerciais formais e, em parte, pelo ensino ministrado em dialeto da língua alemã, para as crianças das famílias católicas, na Escola Paroquial, que surgiu como forma de suprir a falta do apoio governamental, em relação ao ensino. Paga pelos pais dos alunos, teuto-brasileiros, na sua maioria, tinha, no ensino da língua alemã, da doutrina católica e no cultivo das tradições germânicas, suas principais características, enquanto instituição. Aliás, aspecto bastante comum na região colonial alemã (VASCONCELLOS; MAUCH, 1994: 148-161). Estudos apontam que a língua alemã e suas variações sempre foram, de modo geral, um fator aglutinador e de expressão da identidade teuto-brasileira das comunidades teuto-brasileiras, no sul do Brasil.
Todavia, assim como os elementos culturais franceses se perderam no tempo, a assimilação dos teuto-brasileiros às tradições gaúchas, ao longo do século XX, acabou por descaracterizar boa parte da cultura teuto-brasileira construída nos núcleos, por estes colonizados, tanto no Estado, como na região de Brochier. Tal situação, em grande parte, foi motivada pela repressão que os descendentes e estrangeiros sofreram, durante os conflitos mundiais, na primeira metade do século XX, principalmente, durante o período do Estado Novo (1937-1945) onde, sob o regime autoritário instalado por Getúlio Vargas, se buscou a construção da identidade nacional brasileira, sufocando diferenças e expressões regionais, em todo o Brasil. Os núcleos coloniais no sul, inclusive Brochier, viveram, entre outras, as restrições impostas ao uso do dialeto alemão, que causaram traumas às comunidades, no que se refere à educação, ministrada no dialeto, e à prática religiosa (SEYFIELD, 1986: 68-69); e, por fim, à expansão da rede de ensino público, difundindo o uso da língua portuguesa, incorporada ao cotidiano.
Também, aliados a estes, outros fatores, provavelmente, contribuíram para esta assimilação, como o contato com diferentes padrões de alimentação, lavoura e criação, habitação e transporte. Boa parte das perdas e aquisições culturais está, de tal maneira, entrelaçada com condições econômicas do meio, o que é muito difícil, ou mesmo impossível, separar o fator mesológico do fator econômico.
Não só as reminiscências não correspondem à realidade de outrora, mas, sobretudo, a personalidade do próprio descendente sofreu transformações, sendo que ele somente agora se torna consciente disto. Assim, o dialeto alemão, que sobreviveu, em especial, através das pessoas mais idosas, tem voltado, aos poucos, à utilização cotidiana, com a implantação da língua alemã, na rede municipal de ensino, como língua estrangeira moderna.
Mesmo diante desta realidade, atualmente, a comunidade, ao ignorar seu patrimônio, corre o risco de perder o que os cientistas sociais chamam de "memória coletiva", isto é, quando símbolos culturais importantes, materiais e imateriais, são “demolidos”, a cidade pode perder suas referências fundamentais, dificultando a compreensão de seu passado e, conseqüentemente, perdendo a consciência histórica do presente.
Neste contexto, as permanências culturais, francesas e alemãs, em Brochier, estão presentes na própria localização e na forma que a cidade assumiu, ao longo de mais de um século e meio. Além disto, as casas, que beiram o centenário de existência, são exemplos, a céu aberto, da cultura que se construiu no lugar, assim como o espaço que constitui o Cemitério Católico de Brochier. Este último é considerado um patrimônio municipal, sobrevivendo, ainda, à nítida “demolição” dos referenciais contribuintes para a compreensão do passado e da caracterização identitária do espaço urbano, no presente. Nesta perspectiva e, levando-se em conta a raridade de outras fontes documentais, em especial, as escritas, o Cemitério é um “lugar de memória”, testemunha de um tempo que não mais existe, mas que está impregnado de indícios guardadores de memórias individuais e coletivas, e que precisam ser despertadas para que o passado se torne inteligível no presente, contribuindo para a construção de um futuro, a fim de que os indivíduos tenham consciência da realidade em que vivem.
Desta forma, a presença francesa e alemã, no contexto histórico de Brochier, ocasionou o surgimento e a organização de atividades econômicas, sociais e culturais. Isto  produziu e reproduziu, simultaneamente, saberes de origens longínquas, tanto no tempo, como no espaço. Apesar das transformações socioculturais verificadas, tais saberes continuam presentes através da marcenaria, das influências arquitetônicas e paisagísticas, bem como pela arte funerária, que teve, em Brochier, na primeira metade do século XX, uma significativa produção e que, juntamente com outros elementos, se constituiu como sendo um dos principais referenciais materiais da memória coletiva da cidade.

Preservar é necessário...

A história das cidades é contada e recontada pelos seus lugares, imagens e lembranças. Quando estas referências se perdem ou são esquecidas, as pessoas, sejam elas crianças, adultos ou idosos, desenraizam-se, perdendo sua identidade. Quando isso ocorre, tem-se como resultado uma cidade sem rosto.
De maneira alguma, preservar o passado é uma oposição ao progresso e à modernização. Assim, o progresso verdadeiro somente se dá através da convivência deste passado com o presente, projetando-se o futuro, pois, a cidade de “hoje” é fruto da cidade de “ontem”, e só continuará para o “amanhã”, como um lugar bom para se viver, se seus habitantes souberem respeitar o passado.
Nesta perspectiva, a preservação do passado e da memória individual e coletiva é fundamental para o encontro e a manutenção de uma identidade dos que habitam aquele lugar, permitindo o surgimento do sentimento de pertencimento a ele e de segurança, frente às mudanças que a sociedade sofre, no decorrer do tempo. Tal processo não ocorreu, segundo a bibliografia consultada, no final do século XX, na cidade de Brochier, resultando numa descaracterização identitária e, por conseguinte, na desvalorização do patrimônio histórico-cultural, edificado no passado.
Durante a realização das atividades de pesquisa, se percebeu o quanto a memória pode contribuir para a reconstituição histórica. Por isso, ao se trabalhar a história local, enquanto uma operação de recorte, no que se pode chamar de um “jogo de escalas”, não se admite, no entanto, abandonar a cronologia, mas reinterpretá-la a partir de outras tramas do tecido das relações sociais de cada época. Assim, se procurou avançar na narrativa da história local, registrando, não simplesmente uma evolução/involução da cidade, mas, particularidades da ação de quem a habitou e ainda a habita, constantes na memória individual e coletiva, que transformaram e continuam transformando o espaço urbano de Brochier.
Entretanto, é preocupante, para a manutenção dos vínculos identitários, a constatação da ausência de políticas efetivas de preservação do patrimônio cultural da cidade. Dessa forma, impede-se que os vestígios do passado venham a colaborar, em maior intensidade, no conhecimento da memória do passado vivido, sujeitando-os à destruição ou descaracterização. Infelizmente, a cidade de Brochier, não pode, ainda, contar com instituições de memória, como arquivo, museu ou outro espaço ligado ao poder público, especializado na guarda e/ou preservação do patrimônio, permitindo, assim, o desenvolvimento cultural efetivo do espaço urbano. Contudo, é urgente que, principalmente, a documentação escrita e o material fotográfico, ainda existentes, recebam tratamento técnico apropriado, possibilitando uma maior longevidade aos mesmos.
Para tanto, é necessário um envolvimento efetivo do poder público local, em parceria com órgãos de preservação, para que haja uma instrumentalização de professores, através de cursos e atividades pedagógicas, a fim de criar formas multiplicadoras da concepção e da metodologia da Educação Patrimonial. Pois, somente assim, a escola terá constituído um espaço, onde o exercício da cidadania dos seus alunos, mediante o conhecimento e a valorização dos bens que compõem o patrimônio cultural, se dá de forma efetiva, evitando que se prolongue certa “amnésia cultural”, através da busca de significados na convivência, num mundo cada vez mais globalizado.
Por fim, é necessário enfatizar que será, principalmente, através da adoção de práticas educativas, que se garantirá a manutenção do patrimônio histórico-cultural, educando, em especial, as novas gerações, para a importância de seus vínculos com a produção material e imaterial de seus antepassados, ativando, desta maneira, a memória coletiva, provocando a afetividade bloqueada e recuperando as conexões perdidas. É promovendo estas “microações”, que se possibilitará a apropriação do passado, pela comunidade, no presente. É imprescindível fazer com que as pessoas despertem para a consciência de que por trás dos vestígios e das lembranças do passado, que se constituem em verdadeiros espelhos de um tempo que não mais existe ou voltará, estão elas mesmas, pois, se reconhecer nestes espelhos vale a pena, senão para o presente, mas para a sua sobrevivência individual e coletiva, em algum lugar do futuro, o que leva ao resgate da sua identidade, criando experiências de inclusão, o que resulta, portanto, no exercício de sua cidadania.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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* Vítor Hugo Garaeis é Licenciado em História e Especialista em Ensino da História (ULBRA/RS). Professor e Coordenador da Área de Ciências Humanas do Instituto de Educação São José, Montenegro/RS.
E-mail: garaeis@yahoo.com.br
Trabalho resultante de pesquisa desenvolvido para a Monografia de Conclusão do Curso de Especialização “Novas Abordagens do Ensino da História” (ULBRA/RS), em 2004, intitulada: Arte, Memória e Preservação: uma visita ao Cemitério Católico de Brochier.
[1] Dentre as escassas fontes primárias consultadas vale citar o passaporte de Augusto Brochier, ao chegar ao Brasil (acervo Museu da Imigração Visconde de São Leopoldo) e o documento manuscrito de 1908, encontrado na pedra fundamental da Igreja Católica de Brochier, demolida na década de 1970.
[2] É difícil precisar a parcela da população católica na localidade nesta época, pois são escassos os registros. No entanto, uma anotação da Visita Pastoral do Bispo Dom João Becker, no Livro Tombo da Paróquia São João Batista de Montenegro, fornece alguns dados que levam à estimativa de 200 pessoas, em 1915.

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