I - INTRODUÇÃO
Renascimento - movimento
intelectual - artístico, literário, filosófico e cientifico, que ocorreu na
transição da cultura medieval para a cultura moderna.
O termo Renascimento designa
os séculos XV e XVI da história européia, época em que surgiu uma nova
concepção de Homem e Natureza, assim como um renovado entusiasmo pela cultura
clássica.
Foi o historiador francês
Michelet (1798-1874) quem pela primeira vez definiu o Renascimento no plano
historiográfico. Pouco tempo depois, Jacob Burckhardt (1818-1897) publicou A
Civilização do Renascimento Italiano (1860), conferindo ao vocábulo "foros
de cidade" nos meios científicos. Apesar da visão romântica sobre o
Renascimento, o historiador suíço consegue apresentá-lo como um movimento cultural
que estabeleceu a transição do mundo medieval para o moderno.
Flavio Biondo (1392-1463) foi
o primeiro a considerar a Idade Média (medium aevum) como um "período de
mil anos de decadência cultural e artística", embora antes dele Petrarca
já tivesse elogiado o esforço dos homens para dissiparem as trevas e voltarem
ao brilho puro da Antiguidade greco-romana. Embora os historiadores da
atualidade rejeitem a idéia de uma Idade Média submergida no obscurantismo -
pondo em evidência o Renascimento Carolíngio dos séculos VIII-IX, a revolução
tecnológica operada no mundo rural no século XI e o conseqüente renascimento
urbano do século XII (decisivo para o nascimento da escolástica e conseqüente
fundação das universidades) -, o certo é que os intelectuais daquela época
estavam convencidos disso, considerando o seu tempo como um "novo
nascimento".
II - CONTEXTO HISTÓRICO DO RENASCIMENTO:
- Transição da cultura medieval para a cultura moderna;
- Transição do Feudalismo para o Capitalismo.
Plano Econômico:
- Expansão Marítima e Comercial Européia;
- Colonização;
- Mercantilismo.
Plano Social:
- Ascensão da burguesia;
- Processo de formação de uma sociedade burguesa.
Plano Político:
- Formação dos Estados Modernos ou Monarquias Nacionais.
- Reforma Protestante;
- Contra-Reforma Católica.
- Desenvolvimento do comércio e das cidades
- Progresso das Universidades
- Proteção dos mecenas
- Desenvolvimento do espírito crítico e da análise
- Influência dos sábios bizantinos com a tomada de Constantinopla
- Invenção da imprensa
- Intenso comércio - Veneza e Gênova com o Oriente.
IV - CARACTERÍSTICAS GERAIS:
O Renascimento traz como
principais características o florescimento das artes, e um vigoroso despertar
de todas as formas de pensamento. A redescoberta da antiga filosofia, da
literatura, das ciências e a evolução dos métodos empíricos de conhecimento
caracterizam todo este período que se inicia no século XV e prolonga-se até o
séc. XVII. Em oposição ao espírito escolástico e ao conceito metafísico da vida,
busca-se uma nova maneira de olhar e estudar o mundo natural. Esse naturalismo
vincula-se estreitamente à ciência empírica e utiliza suas descobertas para
aplicá-las nas obras de arte.
Os novos conhecimentos da
anatomia, da fisiologia e da geometria são prontamente incorporados,
possibilitando, por exemplo, a representação do volume pelo uso da perspectiva,
dos efeitos de luzes e cores. Do ponto de vista filosófico, surge uma nova
concepção do mundo e do destino do homem, uma visão mais realista e humana dos
problemas morais.
A arte renascentista adquire
um valor próprio: deixa de ser um veículo quase que exclusivo da religiosidade
para tornar-se uma forma pessoal de expressão estética, ocupando um outro lugar
na cultura da época. Do ponto de vista renascentista a arte é uma criação da
inteligência, portanto sujeita a regras de perfeição apreensíveis e que podem
ser formuladas e ensinadas com precisão.
V - ASPECTOS FUNDAMENTAIS:
a)
Humanismo:- Valorização do ser humano;
- Integração do homem à natureza - fantástico e sobrenatural
b)
Antropocentrismo:
- Substituição da concepção teocêntrica pela antropocêntrica. O homem deixa de pensar o universo em função de Deus, tornando-se senhor do seu destino - homem como centro do Universo.
c)
Influência da Cultura Clássica (greco-romana):
- Valorização da cultura e civilização clássicas, o que favorece o
estudo do grego e do latim, a recuperação do Direito Romano na
jurisprudência, a preferência pelas formas arquitetônicas e decorativas
greco-romanas na arte.
- Colocado no centro do mundo, o homem sente-se orgulhoso das suas
capacidades intelectuais e tende a valorizar o espírito de iniciativa de
cada indivíduo;
- Artistas passam a assinar suas obras e os nobres encomendam
auto-retratos.
- Razão mais importante que o sentimento;
- O Homem passou a buscar explicações mais racionais e científicas
para os fenômenos físico-naturais, sociais, políticos e econômicos.
VI - FASES DO RENASCIMENTO
1301/1400 - trecento -
pré-renascimento – Giotto1401/1500 - quatrocento - Florença - capital artística - família Médici - pintura a óleo (Flandres para Itália) - obra de arte - mercadoria - Botticelli - Leonardo da Vinci - Verrochio (mestre de Leonardo) - Veneza - rica escola - riqueza e variedade de cores - jogo de luz/sombra - Bellini, Ticiano e Tintoretto
1501/1600 - cinquentano - Roma - papas mecenas (Alexandre VI, Leão X, Clemente VII) - Rafael (madonas) e Miguel Ângelo (escultor, pintor e arquiteto).
A – Nascimento
1 - cidades italianas: o
Renascimento nasceu nas cidades italianas, mais especificamente nas cidades que
enriqueceram com o comércio no Mediterrâneo, sendo Florença, Veneza, Pizza,
Roma os mais importantes centros desse movimento, notadamente nas artes. Leonardo
da Vinci (A última ceia, A Mona Lisa ou Gioconda, A virgem dos rochedos);
Rafael Sanzio (madonas - representação da virgem Maria com o menino Jesus);
Miguel Ângelo (afrescos da Capela Sistina, Moisés, Davi, Pietá); Ticiano (A
fonte do amor e Vênus deitada).
B – Expansão
Com a expansão marítima a
idéia Renascentista foi divulgada por diversas partes do mundo como na
Inglaterra, Alemanha e os Países Baixos.
Sofre processo de adaptação
às condições de cada país e o maior desenvolvimento foi na Itália, pois fora
dela (cisma protestante, Contra-Reforma, guerras de religião) impediram a
materialização de suas potencialidades.
2 - Países Baixos - expansão
comercial, financeira e manufatureira - burguesia flamenga e
Holandesa:Desidério Erasmo ou Erasmo de Rotterdam (Elogio da Loucura - criticou
os abusos da Igreja); irmãos Van Eyck (invenção da técnica de pintura a óleo;
retratistas da classe burguesa).
3 - Alemanha - não foi
significativo devido: fracionamento político do país, declínio do feudalismo,
colapso comercial da Liga Hanseática, reforma luterana e guerra religiosa:
Albrecht Dürer (A adoração dos magos e A Trindade); Hans Holbein (Henrique VIII e Erasmos de Rotterdam); Kepler (renascimento científico, aperfeiçoamento do heliocentrismo - planetas se movem em torno do sol com órbita elíptica).
Albrecht Dürer (A adoração dos magos e A Trindade); Hans Holbein (Henrique VIII e Erasmos de Rotterdam); Kepler (renascimento científico, aperfeiçoamento do heliocentrismo - planetas se movem em torno do sol com órbita elíptica).
4 - Inglaterra - retardado
pela guerra dos Cem Anos e das Duas Rosas - consolidação da monarquia nacional
e absolutismo Tudor - prosperidade econômica (expansão comercial e manufatura
de tecidos): Thomas Morus (Utopia - sociedade ideal - princípios
comunitários). Francis Bacon - sistematizou o método indutivo; William
Shakespeare - teatro (Romeu e Julieta - drama romântico, Hamlet- tragédias,
Ricardo III e Antônio e Cleópatra - dramas históricos, Sonhos de uma noite de
verão, O mercador de Veneza - comédias).
5 - França - tardiamente
devido à guerra dos Cem Anos e guerras de religião:
François Rabelais (Gargântua e Pantagruel - crítica de forma satírica a religiosidade medieval); Michel de Montaigne (Ensaios - obra filosófica em que defendeu maior tolerância religiosa).
François Rabelais (Gargântua e Pantagruel - crítica de forma satírica a religiosidade medieval); Michel de Montaigne (Ensaios - obra filosófica em que defendeu maior tolerância religiosa).
6 - Espanha - conturbado
devido a Contra-Reforma, Inquisição e descoberta da América (ilusória sensação
de prosperidade): El Greco (imigrante cretense - Escola de Veneza -
discípulo de Ticiano); Lopes de Vega (teatro) e Miguel de Cervantes (Dom
Quixote - sátira devastadora dos valores da sociedade medieval decadente e do
ultrapassado espírito de cavalaria).
7 - Portugal - essencialmente
cortesão e seu apogeu coincidiu com o breve período de prosperidade econômica
das descobertas. Gil Vicente; Luis Vaz de Camões (Os Lusíadas - epopéia da
expansão marítima).
C - O apogeu do Renascimento
O apogeu do Renascimento
deu-se entre 1495 e 1520. Este período, relativamente curto, revelou gênios
como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, e Ticiano. Leonardo é considerado
o modelo do pensador renascentista, engajado em experiências diversas e
trazendo para sua obra o espírito inquieto e questionador que busca descobrir
as leis que regem os fenômenos naturais. De outro lado, Michelangelo tipifica o
gênio solitário e de temperamento explosivo.
D - RENASCIMENTO CIENTÍFICO
a)
Nicolau Copérnico (Sobre as revoluções das Esferas Celestes - Terra gira
em torno do seu próprio eixo e que os planetas se moviam em torno do Sol) abriu
uma brecha na autoridade da Igreja, fiadora do sistema geocentrista de
Ptolomeu.
b)
Kepler - mecânica celeste, complementou o heliocentrismo
copernico.
c)
Galileu Galilei aperfeiçoou o telescópio dando valor científico à teoria
de Copérnico - fundamentos da Física moderna - obrigado a abjurar o
heliocentrismo para não ter morte na fogueira. Newton, um dos precursores da
ilustração - princípios básicos da mecânica e lei da Gravitação Universal.
d)
Vesálio - pai da anatomia moderna (dissecação de cadáveres).
e)
Miguel Servet - pequena circulação - queimado pelos calvinistas.
f)
Paracelso - fundamentos químico-físicos da vida e estudos no campo da
medicina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.