Os anos 60 e 70 do século XX foram anos turbulentos, com o auge da Guerra Fria entre o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, liderado pela então União Soviética.
O Brasil sofreu os efeitos deste contexto internacional associado a fatores internos ao longo dos anos de 1960, 1970 e 1980. O golpe militar de 1964, por exemplo, recebeu apoio dos EUA, numa jogada de garantir o controle e a influência americana e capitalista sobre o continente americano, uma vez que em 1959 a pequena ilha de Cuba se tornara socialista afrontando os interesses norte-americanos na região.
O Regime Militar brasileiro demonstrou por meio de suas ações como a perseguição aos comunistas, sua opção dentro do jogo mundial do capitalismo x socialismo. Além disso, as camadas da sociedade brasileira mais ricas e conservadoras, temendo perderem seus privilégios apoiaram o Golpe contra a ameaça de reformas sociais e econômicas pretendidas por Goulart no inicio da década de 1960. Assim, o Regime Militar que foi imposto a população brasileira em 1964, tinha o objetivo de moralizar a política e tirar o Brasil do caos econômico, afastando toda e qualquer ameaça a “ordem”.
No entanto, para assegurar essa “ordem”, os militares fizeram uso da repressão, censura e tortura aos que ousavam se opor. Para conseguir o apoio das camadas mais pobres e médias da sociedade, produziram o “milagre econômico”, isto é, fazer com que a economia se desenvolvesse, juntamente com obras públicas que beneficiassem a população. A construção de hidrelétricas como a de Itaipu, de rodovias e aumento da rede de telecomunicações, dava a sensação que o Brasil esta em pleno progresso apesar da falta de liberdade de expressão e de democracia. Entretanto, o desenvolvimento do Brasil era pago com dinheiro emprestado do exterior, principalmente de bancos e do FMI, fazendo a dívida externa do Brasil saltar de cerca de 3 bilhões de dólares em 1961 para mais de 62 bilhões de dólares em 1981. Portanto, o crescimento da economia brasileira no período do “milagre econômico” feito conseguido graças ao financiamento e endividamento do Brasil no exterior. Em 1972, com a crise internacional do petróleo, o país passa por dificuldades em continuar crescendo, sendo que a inflação e a crise acabam com o “milagre econômico”, despertando as camadas da população que foram iludidas com a propaganda do progresso para a realidade do país.
As resistências ao Regime Militar se expressaram de várias formas, por meio de ações clandestinas armadas, da arte de protesto (música, teatro e poesia) e da oposição política autorizada (o MDB).
O período mais difícil da ditadura no Brasil foram os anos de 1968 a 1975, quando apoiados no AI-5 os órgãos de repressão fizeram a maior parte de suas vítimas. A morte de Vladimir Herzog em 1975 pelas mãos da repressão da ditadura, marca o inicio da mobilização pelo fim do Regime Militar. Com apoio da Igreja Católica e outras organizações civis, a população brasileira passa a questionar as ações dos governos militares.
Em 1978, diante da pressão da sociedade brasileira, o governo Geisel acaba com o AI-5 e promete fazer uma lenta, gradual e segura abertura política do Regime. O inicio dos anos de 1980, são marcados pela volta dos que haviam deixado o Brasil durante os “anos de chumbo” e uma reforma na organização política do Brasil, surgindo a partir do MDB, partido de oposição do governo militar, vários partidos como o PMDB, PTB, PTD, PT, PL, e outros e do PDS, antiga ARENA, que fora criada pelo AI-2 juntamente com o MDB.
A oposição cresce e em 1984 o Brasil se agita em torno das “Diretas Já”, movimento para a eleição direta do próximo presidente da República em 1985. No entanto, a proposta não é aceita pelo Congresso Nacional, e em janeiro de 1985 o presidente é escolhido pelo Colégio Eleitoral de foram indireta. Tancredo Neves vence, mas não assume a Presidência por problemas de saúde. Seu vice, José Sarney assume prometendo conduzir o Brasil a democracia.
Os militares se retiraram do poder em 1985, por temerem a perda do controle interno das forças armadas (levante de coronéis e sargentos, por exemplo), como havia ocorrido em outros paises que também viveram ditaduras parecidas com a brasileira.
No entanto, o Brasil só elegeria de forma direta um presidente da República em 1989.
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