AS CIDADES E COMÉRCIO
O comércio deu importante impulso para o repovoamento e o crescimento das cidades medievais, que nunca estiveram completamente desvinculadas do mundo feudal, ou seja, com a ruralização da economia na Alta Idade Média, as cidades não desapareceram. O que ocorreu foi que parte da população passou a se concentrar nas propriedades rurais e nos castelos da nobreza, em busca de proteção das invasões estrangeiras. Assim, o centro das atividades produtivas voltara-se para o campo.
As cidades perderam sua função econômica, mas nem por isso deixaram de existir durante a Idade Média. O mesmo aconteceu com as atividades comerciais, em que as trocas estabelecidas pelas comunidades feudais continuaram existindo em menor intensidade.
A insegurança das viagens comerciais e as dificuldades de deslocamento (conhecimentos náuticos e geográficos precários) permitem concluir que se dedicar ao comércio, na Idade Média, era exercer atividade bastante perigosa e difícil. As cidades ainda se encontravam subordinadas ao controle dos senhores feudais e só lentamente foram conquistando sua liberdade e autonomia. Muitas delas haviam surgido em territórios de propriedade feudal. Por esta razão, estavam submetidas à cobrança de impostos e às possíveis arbitrariedades do poder senhorial.
A LIBERTAÇÃO DAS CIDADES
Os burgueses se articularam para conquistar a libertação das cidades, criando o Movimento Comunal, que se caracterizou pela luta e resistência da burguesia contra a tutela senhorial nas cidades. Assim, as cidades acabaram livres, recebendo da nobreza a Carta de Franquia ou Foral.
Por este documento, ficaram isentas do pagamento de tributos, formaram suas próprias forças militares e garantiram o direito de arrecadar impostos em benefício próprio junto aos habitantes.
Embora variando em seu conteúdo de uma região para outra, a Carta de Franquia assegurava, em linhas gerais, a autonomia administrativa das cidades, o que muito contribuiu para seu maior desenvolvimento entre os séculos XI e XIII.
A ADOÇÃO DA MOEDA E A USURA
Na Alta Idade Média, as atividades econômicas se realizavam praticamente sem a utilização do dinheiro, predominando o comércio baseado nas trocas naturais. Com o crescente processo de expansão comercial, adotou-se a moeda.
O aumento da circulação monetária na Europa gerou a especialização de nova atividade profissional: a do banqueiro ou cambista. E com isso, surgiram outras práticas financeiras, como a concessão de empréstimos aos comerciantes pela cobrança de juros.
Tal prática seria condenada pela Igreja, segundo a teoria da usura, que julgava empréstimos a juros um pecado grave.
Assim, a usura foi definida como todo ou qualquer valor pedido em troca de empréstimo, além do próprio bem emprestado. A postura da Igreja criou grande obstáculo ao acúmulo de capitais por parte dos comerciantes. Ela condenava toda forma de obtenção de lucro e impunha o preço justo das mercadorias, cujos valores deveriam atender às reais necessidades do comerciante e não à sua avidez por lucro e riqueza. Diante da posição conservadora da Igreja, alguns historiadores consideram ter havido um retrocesso no processo de desenvolvimento do capitalismo. Outros afirmam que a Igreja, impedindo os empréstimos a juros, estimulava os detentores de capital a investirem em atividades produtivas, impulsionando o incipiente processo de transição do feudalismo ao capitalismo.
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