domingo, 23 de setembro de 2012

IMPERIALISMO

I – CONCEITO
Prática de dominação empregada por nações ou povos poderosos para ampliar e manter seu controle ou influência sobre nações ou povos mais fracos. Alguns especialistas sugerem utilizar este termo de forma mais específica para referir-se unicamente à expansão econômica dos Estados Capitalistas no final do século XIX.
Às vezes imperialismo e colonialismo têm um significado parecido e podem aplicar-se indistintamente em algumas ocasiões, porém convém estabelecer algumas diferenças entre eles.
O colonialismo, em geral, implica um controle político oficial que supõe a anexação territorial e a perda da soberania do país colonizado. O Imperialismo, sem dúvida, tem um sentido mais amplo que remete ao controle ou influência exercida sobre outra região, seja ou não de forma oficial e direta, e independentemente do que afete o terreno econômico ou político.
II – ORIGEM E DESENVOLVIMENTO
A origem do imperialismo se remonta à antiguidade e foi adotado através de diferentes ao longo da história, sendo alguns deles mais freqüentes que outros dentro de um período histórico concreto. No Mundo Antigo, a prática do imperialismo se dava como resultado de uma série de grandes impérios que surgiam quando um povo, que geralmente representava um determinada civilização e religião, tentava dominar a todos os outros criando um sistema de controle unificado. O Império de Alexandre Magno e o Império Romano são exemplos desta modalidade.
Ao contrário. O imperialismo europeu do começo da Era Moderna (1400-1750), se caracterizava por ser uma expansão colonial em territórios de ultramar. Não se tratava de um país que tentava unificar o mundo e sim de muitas nações que competiam por estabelecer seu controle sobre terras nos Continentes Americano, Africano ou Asiático.
Os sistemas imperialistas se estruturaram de acordo com a doutrina do mercantilismo: cada metrópole procurava controlar o comércio de suas colônias para monopolizar os benefícios obtidos.
Por volta do século XIX apareceu outra variante, o IMPERIALISMO ou NEOCOLONIALISMO. Esta modalidade se desenvolveu porque os impe’rios oficiais estavam diminuindo de forma significativa. O poder e a influência da Europa, e, sobretudo da Grã Bretanha, estava se expandindo através de vias diploma’ticas e meios econômicos, no lugar de seguir os meios oficiais como a criação de colônias. O Imperialismo baseado no livre comércio desapareceu: até o final do século XIX, as potências européias voltaram a praticar o imperialismo consistente na anexação territorial, expandindo-se na África, Ásia e no Pacífico.
Desde que terminou a II Guerra Mundial, quando a maioria dos impérios conhecidos se dissolveram, surgiu o que poderíamos chamar de MODERNO IMPERIALISMO ECONÔMICO, onde o domínio não se manifesta de maneira oficial. Por exemplo: os Estados Unidos exercem um considerável controle sobre determinadas nações do “Terceiro Mundo” devido ao seu poder econômico e sua influência em algumas organizações financeiras internacionais, tais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.
Do mesmo modo, as pot6encias européias interv6em de forma significativa na vida política e econômica de suas antigas colônias, e tem sido acusadas de praticar o neocolonialismo, que consiste em exercer a soberania de uma nação sem que exista um governo colonial oficial.
III – JUSTIFICATIVAS do IMPERIALISMO
As razões pelas quais os Estado tem aspirado em criar impérios ao longo da história são diversas e poderiam classificar-se, em termos gerais, dentro de três grupos: econômicas, políticas e ideológicas.
Razões Econômicas:
Os interesses econômicos são os mais habituais quando se trata de explicar este fenômeno. Os defensores desta concepção sustentam que as nações são impelidas a dominar outras áreas para expandir sua economia, adquirir matérias-primas e mão-de-obra, ou para dar saída aos excedentes de capitais e produção. 
Razões Políticas: 
Outros aspectos estão ligados aos condicionamentos políticos e alegam que a razão principal para os Estado quererem a expansão é o desejo de poder, prestígio, segurança e vantagens diplomáticas com respeito aos outros Estados. Ou ainda como necessidade de proteger-se diante da possível invasão de territórios por parte de outros Estados.
Razões Ideológicas:
A terceira explicação centra-se nos níveis ideológicos. De acordo com esta perspectiva, alguns países se vêem impulsionados a estender suas influências para difundir seus valores políticos, culturais ou religiosos. Um dos fatores que propiciaram a constituição do Império Britânico foi a idéia de que era responsabilidade do “homem branco” civilizar todos os povos “atrasados”. A expansão alemã que teve lugar durante o governo de Hitler se baseava em grande medida na crença na superioridade da cultura alemã. O desejo dos Estados Unidos de “proteger o mundo livre” e o interesse da antiga União Soviética por “libertar” os povos da Europa Oriental e do “Terceiro Mundo” são também exemplos deste tipo de imperialismo.
IV – O imperialismo como resposta a condicionamentos externos
Por último, outras teorias explicam o imperialismo baseando-se nas circunstâncias políticas das nações mais fracas.A interpretação que dão é a seguinte: é possível que as potências mais fortes não tenham intenção de expandir-se, mas se vêem obrigadas a fazê-lo devido a instabilidade de outras nações. Exemplos: 
-          A conquista da Índia empreendida pela Grã Bretanha e a colonização russa da Ásia central no século XIX são exemplos clássicos deste tipo de imperialismo;
-          As recentes ações imperialistas dos Estados Unidos em determinadas áreas do mundo que apresentam instabilidades políticas, guerras civis e ações de grupos terroristas (Kosovo, Colômbia, Oriente Médio e Agefanistão).
V – CONSEQÜÊNCIAS do IMPERIALISMO
Os efeitos do imperialismo podem girar em torno dos aspectos econômicos, dado que esta perspectiva é a que prevalece nos debates sobre suas possíveis razões. A polêmica surge entre aqueles que crêem que o imperialismo implica exploração e é a causa do subdesenvolvimento e o estancamento econômico das nações pobres, e os que alegam que, além das vantagens que proporcionou esta situação às nações ricas, também as nações pobres se beneficiaram, ao menos a longo prazo. É difícil decidir por uma ou por outra concepção por dois motivos: de um lado, não se tem chegado a um consenso sobre o sentido do termo exploração; e outro, não é fácil separar as causas internas da pobreza de uma nação, daquelas que são de índole internacional. O que resulta evidentemente, é que o efeito do imperialismo tem sido desigual: umas nações tem obtido maiores vantagens econômicas que outras, no seu contato com potências mais ricas.
As conseqüências políticas e culturais do imperialismo são igualmente difíceis de determinar. Este fenômeno tem demonstrado ser geralmente destrutivo uma vez que: as instituições tradicionais e formas de pensar (cultura) das áreas que sofrem com o imperialismo, são destruídas e substituídas por costumes e mentalidades do mundo conquistador (nações mais ricas e poderosas).
NEOCOLONIALISMO
I – O neocolonialismo do século XIX e a expansão capitalista
Na segunda metade do século XIX, mais concretamente a partir de 1870, iniciou-se o grande salto da expansão colonialista européia. Em menos de 30 anos, a febre colonial chegou aos confins do globo. A Grã-Bretanha e a França alargaram e consolidaram seus domínios na Ásia ao mesmo tempo em que se lançaram na grande aventura africana. A Alemanha só entrou na corrida imperialista depois do processo de unificação (Otto von Bismarck (1815/1898), estimulado por um desenvolvimento econômico).
A partir de 1898, após apoderar-se de Porto Rico, Cuba e Filipinas, o governo dos Estados Unidos desencadeou um verdadeiro furacão imperialista. (...) Alguns dados darão a idéia desta extraordinária expansão. 
A partir de 1870, o forte crescimento industrial, a intensa competição por mercados, a passagem do capitalismo à fase do capitalismo monopolista e a grave crise econômica de superprodução levaram os governos da Inglaterra, da França, da Alemanha, dos Estados Unidos e mais tarde do Japão a assumirem uma política expansionista em busca de novos mercados e áreas de investimentos, dando origem ao NEOCOLONIALISMO. 
Essa política resultou na repartição quase completa da África na ocupação de vastos territórios da Ásia ou sua subordinação a influência européia. 
A burguesia européia, na busca crescente de lucros passou a financiar a exploração de minas, as monoculturas, a eletrificação de cidades e a construção de portos, pontes, canais e ferrovias, a fim de favorecer o setor exportador de cada região sob sua influência. Assim, a dominação econômica de caráter mais geral trazida pelo Imperialismo, acrescentou-se a dominação política, quase sempre estabelecida através da conquista militar, caracterizando uma nova forma de Colonialismo. 
Para a burguesia, o Estado que até então existia para preservar a propriedade e a segurança de seus cidadãos, deveria agora apoiar a política imperialista, garantindo o capital investido fora da Europa. Nesse momento, a burguesia abandona a postura liberal, ou seja, de não intervenção do Estado em questões econômicas, para preservar sua taxa de lucro, deixando também de ser pacifista e humanista. 
A posse de colônias significava ter o "status" de potência e não possuí-las era reconhecer uma situação de inferioridade em relação aos demais países industrializados. Nesse sentido, o Imperialismo esteve também ligado ao desenvolvimento do nacionalismo e converteu-se numa política nacional seguida pelos Estados europeus, financiados por fundos públicos e apoiada pela criação de aparelhos administrativos nas regiões ocupadas.
AS JUSTIFICATIVAS EUROPÉIAS PARA O IMPERIALISMO 
Os políticos, os homens de negócio e os governantes europeus encaravam o Imperialismo como um fator necessário à prosperidade econômica e como uma forma de diminuir os graves problemas sociais de seus países. 
Entretanto, a fim de justificar a violência, e as atrocidades que estavam sendo cometidas no processo de conquista e ocupação das colônias, os europeus introduziram critérios étnicos que estabeleciam distinções entre os dominadores (brancos) e os dominados (de outra cor), estando implícita a idéia de "superioridade" da civilização e da raça européias. 
Dentro dessa ideologia defendida pela potências imperialistas, o neocolonialismo passou a ser visto como “uma tarefa árdua que beneficiava muito mais o colonizado do que o colonizador”. Caracterizava-se como uma “missão e um dever moral" do europeu, a fim de acabar com as doenças tropicais, com o canibalismo, o escravismo e o paganismo e de levar a higiene, a instrução, o cristianismo, a ciência, enfim o progresso, aos povos atrasados. 
O nativo africano ou asiático era visto pelo colonizador como uma mão-de-obra disponível e barata para trabalhar em suas fazendas. Os europeus fossem eles soldados, funcionários públicos ou agricultores, consideravam-se superiores aos habitantes das colônias, aos quais davam ordens. Nas colônias, eles se sentiam verdadeiros cidadãos de seus países e assumiam uma importância que não possuíam em sua pátria.
O poeta inglês Rudyard Kipling, nascido na Índia, ao referir se a presença a européia no mundo, falava do "fardo do homem branco", para quem a superioridade criava obrigações: "Toma o fardo do Homem Branco,as guerras selvagens da paz.Enche o estômago da fome e faz com que cesse a doença.E quando estiver mais próximo nessa busca em favor de outrem, vê como a indolência e a loucura pagã arruínam tuas esperanças".
            Assim, do ponto de vista do europeu, a obra civilizadora legitimava a dominação política e econômica, embora as populações submetidas não fossem consultadas sobre seus próprios interesses nessa troca. 
A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL 
As potências imperialistas procuraram administrar suas colônias de modo a assegurar o aproveitamento máximo de suas riquezas. A mão de obra nativa foi então colocada a serviço da nação colonizadora, extraindo minérios, trabalhando nas lavouras, construindo pontes, ferrovias, canais e portos, a fim de favorecer o escoamento das matérias primas e dos gêneros agrícolas até os locais de embarque. Esse sistema impedia qualquer possibilidade de desenvolvimento interno das colônias e não levava em consideração as necessidades da população local. Por isso, a violência foi o instrumento necessário usado pelo colonizador para vencer a resistência da população e mantê-la submissa. 
A administração variou de acordo com as condições demográficas, culturais e econômicas das regiões ocupadas. Ela podia ser:
-          Direta, com os funcionários da metrópole substituindo as autoridades locais; 
-          Indireta, utilizando-se das autoridades locais subordinadas a funcionários da metrópole. 
Os ingleses, geralmente adeptos da administração indireta, conseguiram controlar populações enormes e diferenciadas entre si, aproveitando-se das Instituições e das lideranças locais. Aqueles que não queriam colaborar eram substituídos.
Os franceses tiveram a pretensão de desenvolver uma política de "assimilação" dos colonos. Eles acreditavam que, através da instrução, os africanos e os asiáticos poderiam vir a adquirir a cidadania francesa, desde que tivessem profundo conhecimento da língua francesa, da religião cristã, bom nível de instrução e boa conduta, Entretanto, essa prática não se tornou comum na administração colonial francesa, prevalecendo os aspectos econômicos de exploração dos recursos minerais e agrícolas. 
Os demais povos colonizadores, tais como belgas, alemães, holandeses, portugueses e espanhóis, adotaram métodos que variavam entre o ideal de assimilação e as necessidades práticas de utilização das autoridades locais para extrair vantagens da comercialização da produção colonial.
Tipos de colônias: 
a) COLÔNIAS DE EXPLORAÇÃO 
Eram países ou regiões administradas direta ou indiretamente por funcionários da metrópole, e que se destinavam a exportar produtos exóticos, gêneros agrícolas ou matérias primas minerais. Nesse caso enquadram-se a Índia, a Indochina e a Indonésia, nações densamente povoadas da Ásia, e grande parte da África. O território africano, do Saara até o sul, possuía baixa densidade demográfica e organização predominantemente tribal. A colonização européia afetou ou destruiu as instituições tradicionais (os clãs, as aldeias comunitárias, a religião totêmica) e substituiu a economia de subsistência pela "plantation" (monocultura para exportação). As rivalidades intertribais foram mantidas e/ou aprofundadas com o objetivo de favorecer a dominação estrangeira.
b) AS COLÔNIAS DE POVOAMENTO 
Nas regiões de clima temperado, estabeleceram-se colônias de povoamento, com ampla migração de população "branca" européia (que havia dobrado do decorrer do século XIX), em busca de melhores condições de trabalho, de alimentação e de moradia. Foi o caso da colonização inglesa na Rodésia e no Cabo (África do Sul), na Austrália e na Nova Zelândia .
Nesse tipo de colônia, as minorias européias ocupavam posições sociais, econômicas e administrativas dominantes. Os nativos foram expropriados de suas terras pelos europeus e excluídos até mesmo das mais simples funções burocráticas; em qualquer atividade, os brancos recebiam salários mais elevados. 
O CASO DA ÁFRICA DO SUL: 
A Inglaterra apoderou-se das regiões mais populosas e ricas doa África. Desde o início do século ela ocupava a cidade do Cabo e -Lambem Natal. Em 1870, Cécil Rhodes embarcou para o Cabo, por motivo de saúde. Graças ao seu tino para os negócios e à habilidade com que açambarcou o mercado de diamantes, no curto espaço de dois anos transformou-se em um milionário. Nos anos subseqüentes, a Companhia Britânica da África do Sul, dirigida por Rhodes, estendeu o domínio sobre toda a África do Sul. Embora fosse uma empresa privada, com finalidades lucrativas, estava investida de poderes comparáveis aos de um governo. Tinha, por exemplo, autoridade (concedida por carta patente em 1889) para "firmar tratados, promulgar leis, preservar a paz, manter uma força policial e adquirir novas concessões" 
A Política expansionista da Companhia Britânica da África do Sul culminou na Guerra dos Bôers (1899-1902). As repúblicas holandesas de Orange e do Transvaal foram esmagadas e a Inglaterra adquiriu o controle total sobre a África do Sul. Mais tarde, seriam descobertas jazidas riquíssimas de minério, principal recurso natural da região. 0 mais explosivo legado do imperialismo britânico e holandês são os mecanismos discriminatórios erguidos contra os negros que constituem a maioria esmagadora da população: o apartheid.
c) ÁREAS DE INFLUÊNCIA ou COLÔNIAS INFORMAIS 
São as Áreas de Influência, são quando os dominadores não ocupam um espaço dentro da região dominada. Eles dominam à distância, através de tecnologia e capital. É o caso do Brasil, antes com a Inglaterra e hoje com os EUA. Isso acontece porque as regiões (Áreas de Influência) não produziam produtos industrializados, então elas apresentavam um déficit comercial (vendem um produto barato e compram produtos caros). O Brasil até hoje é dependente, possui uma dívida externa muito grande e tem que ficar obedecendo seus credores (Ex.: FMI). 
A Independência é relativa, pois os países dependem e obedecem seus credores. Nas colônias, a população nativa acaba adquirindo toda a cultura do dominador, em detrimento da sua. O homem branco chega nas colônias e acha que está fazendo uma coisa boa ao levar sua cultura aos "povos atrasados", mas, na verdade, é ruim, pois causa a desgraça dos povos explorados. 
Essa forma de dominação ocorreu em países onde o Estado existente foi conservado e com o governante local foram negociados tratados e acordos que beneficiavam a potência colonizadora, em determinada área do país. Nessa "área de influência'', a metrópole podia atuar sob a proteção de privilégios especiais em detrimento dos possíveis competidores europeus. 
O CASO DA CHINA: 
A China, desde a "Guerra do Ópio" (1835-1842), já havia si do obrigada, diante do potencial de fogo dos ingleses, a assinar r tratados desiguais, isto é, tratados nos quais ela concedia vantagens à Europa sem contrapartida. 
Foi a "Guerra do ópio” que marcou o início da preponderância ocidental na China. O desmembramento da China aconteceu quando o Império, enfraquecido com os tratados desiguais, teve que enfrentar uma guerra com o Japão (1895). Foi "salvo" do desastre pela intervenção das potências européias. Gomo reconhecimento ao serviço prestado, as nações européias receberam concessões econômicas e territoriais. A partir daí, a China passou a ser um território dividido em áreas de influencia das potências ocidentais. Não só a França e a Inglaterra penetraram no território Chinês, como também a Rússia, a Alemanha e a Itália. A penetração econômica se precipitou rapidamente com a construção de linhas de estradas de ferro, concessão de minas, estabelecimentos industriais e bancos. 
d) AS ÁREAS DE INFLUÊNCIA FINANCEIRA 
Em alguns países independentes, porém não industrializados, a dominação imperialista ocorreu através da negociação com os governos locais de acordos comerciais, industriais ou financeiros que beneficiavam basicamente os setores exportadores das elites locais e a burguesia dos países industrializados. Nesses casos, não houve preocupação com a dominação política, como foi os casos do Egito e da América Latina.
O CASO DA AMÉRICA LATINA 
A América Latina, cuja independência política fora adquiri da no primeiro quartel do século XIX, continuou produzindo minerais e gêneros agrícolas para o mercado externo, nos moldes do período colonial mercantilista porém, sem a presença da Espanha e de Portugal, substituídos pela burguesia européia, principalmente inglesa. A penetração financeira se deu através de empréstimos, aparelhamento de portos, investimentos em transportes e serviços urbanos. A intermediação era feita pelas classes dirigentes locais, sem necessidade de administração direta por parte das potências européias. 0 Brasil não fugiu à regra. De 1822 a 1930 (Império e 1a. República), o país continuou a fornecer à Europa e aos Estados Unidos café, açúcar e a importar manufaturados. A elite dominante brasileira, formada por fazendeiros e exportadores de café e de açúcar, defendia a manutenção da tradição da economia agrária e não se interessou em incentivar a industrialização do país. Os governos da República, nas mãos da burguesia cafeeira paulista, buscaram empréstimos na Inglaterra para financiar a expansão da cafeicultura, melhorar os portos, abrir ferrovias e criar serviços urbanos que atendessem ao setor agro-exportador, o que representava ótimos investimentos para banqueiros, industriais e acionistas britânicos, criando, ao mesmo tempo, forte dependência econômica.
CONSEQÜÊNCIAS DO IMPERIALISMO 
a - Empobrecimento, subdesenvolvimento, perda da identidade cultural das áreas colonizadas ou de influência econômica:
A exportação de capitais e de produtos manufaturados proporcionou lucros elevados e enriqueceu enormemente os países industrializados, pois nas colônias, juros cobrados eram altos, o preço das terras e dos salários eram baixos e as matérias primas eram baratas. A expansão do capitalismo via colonialismo criou, pela primeira vez, um mercado mundial, onde a economia das colônias fornecedoras de minerais e de gêneros agrícolas era complementar à economia dos países industrializados.
Entretanto, a criação de um mercado mundial não representou benefício para as colônias porque a venda de seus produtos não se realizava conforme as leis da oferta e da procura. Foi, antes de tudo, "o produto de uma relação de forças", ou seja, a metrópole, por seu poderio econômico e militar, impunha o preço da matéria prima. A Comercialização dos produtos coloniais ficava a cargo das companhias européias que se apropriavam da maior parte do lucro, restando à burguesia colonial associada a menor parte dele. 
A introdução do modo de produção capitalista na Ásia e na África levou ao aparecimento do trabalho assalariado e da propriedade privada da terra, concentrada nas mãos dos europeus ou da elite dominante local, dedicada às atividades de exportação. A dissolução do cultivo coletivo da terra nas aldeias e a desintegração do artesanato urbano afastaram os camponeses e artesãos de seus meios tradicionais de subsistência, criando um proletariado miserável concentrado nas cidades. 
Do ponto de vista social, a colonização impôs uma hierarquização étnica: o colonizador era considerado superior, racial e socialmente falando. As velhas classes dirigentes locais se adaptaram aos modelos ocidentais, procurando imitá-los e adotando sua língua . 
0 impacto da expansão capitalista sobre as regiões dominadas resultou quase sempre no empobrecimento e no subdesenvolvimento em que elas se mantêm até hoje. Em algumas regiões, indústria local foi destruída por não poder concorrer com a indústria dos países capitalistas adiantados. 
Se o Imperialismo trouxe o progresso representado por processos modernos de cultivo e de irrigação, ferrovias, telégrafos, portos, hospitais escolas, universidades e bancos, significou também muito derramamento de sangue, guerras coloniais, massacres de populações nativas, subalimentação, erosão dos solos, desestruturação de comunidades tribais e descaracterização de culturas. As contribuições das técnicas e da ciência ocidentais foram reais, mas cabe perguntar se elas não poderiam ser repartidas sem a dominação política e a exploração econômica. 
b) I Guerra Mundial 
No final do século XIX, ao iniciarem sua participação na corrida imperialista, a Alemanha e a Itália encontraram as principais áreas já tomadas pela Inglaterra e pela França, potências que haviam logrado industrializar-se mais cedo. As reivindicações de reajustes da divisão territorial geraram confrontos e rivalidades que acabaram por contribuir para uma guerra devastadora entre as potências européias: a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918.
c) Revolta do Colonizado 
A colonização européia gerou, nas regiões dominadas, uma elite intelectual local formada na cultura e nas escolas européias, que tinha acesso a postos subalternos da administração colonial. Aos poucos, essa elite transformou-se no centro da resistência ao domínio colonial. 
As ideologias européias predominantes no século XIX, como a democracia, o nacionalismo, o cristianismo e o marxismo foram difundidas nas colônias através dos imigrantes, funcionários, missionários, intelectuais, e acabaram por criar uma consciência crítica contra os colonizadores. 0 pensamento ocidental, baseado na liberdade na igualdade perante Deus e perante a lei, foi usado nas colônias pa ra contestar a exploração econômica, o racismo, a falta de oportunidade e de liberdade aos quais a maioria da população local estava submetida, dando origem aos movimentos nacionais pela libertação, mais fortes principalmente após a 2a. Guerra Mundial (1939/1945). 
d) Reação contra o imperialismo na África 
Os povos africanos sofreram a espoliação mais completa que se conhece em homens, recursos e valores culturais. Os invasores mudaram os velhos padrões da sociedade tribal, impuseram o trabalho forçado, o racismo, algumas vezes por métodos paternalistas que encobriam a proletarização do trabalhador africano. 
Na raiz do racismo e da alienação cultural está o regime de brutal exploração do homem pelo homem, sobre o qual repousavam as estruturas coloniais. A tomada de consciência desse processo de expropriação absoluta constitui a essência do processo de descolonização que partirá da intelectualidade colonizada. 
Em Paris, a revista "Présence Africaine", com Aliune Diop e um grupo de poetas e escritores negros de expressão francesa, Léopold Senghor, Aimé Césaire, David Dion, lança um movimento de idéias, a negritude, proclamando a consciência do "eu negro". 

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