domingo, 4 de setembro de 2011

Sistema Colonial na América

O sistema colonial implantado a partir do século XVI pelas potências marítimas européias tem por base a instalação de feitorias ou enclaves em territórios estrangeiros, a implantação de colônias de povoamento e exploração e a estruturação de sistemas de governo coloniais.

CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS

As Américas do Norte, Central e do Sul começam a ser conhecidas pelos europeus somente a partir da viagem de Colombo, em 1492. Por esse motivo, os povos que ali vivem são chamados pré-colombianos.
Maias - Nos primeiros séculos da era cristã, os maias, que habitam a Guatemala e o México, praticam a agricultura, a cerâmica e o comércio. Inicialmente, organizam-se em clãs e tribos, passando para uma divisão em castas. São politeístas e elaboram um código de conduta. Estendem sua influência ao Yucatan, no México, e constroem cidades religiosas como Tikal e Uaxactun, com imponentes pirâmides. A partir do século V, as cidades-Estado são regidas por dinastias monárquicas. Em torno do ano 1000, enfrentam a expansão tolteca.
Astecas - São precedidos pelos olmecas e toltecas. Os olmecas são assimilados pelos toltecas, que estendem seu domínio pelo México, onde se encontram os maias. Há indícios de que os astecas vivem como servos dos toltecas desde o século IX. Mantêm, porém, sua organização tribal e no século XIV fundam cidades-Estado próprias. Praticam a agricultura, intensificam o comércio e constroem templos e pirâmides. Fundam e expandem seu primeiro reino durante o século XVI, submetendo outras tribos e cidades-Estado. Quando os espanhóis invadem o México, em 1519, conseguem a adesão dos povos dominados para destruir o reino asteca.
Incas - Vivem originalmente na orla do Pacífico sul-americano. Utilizam técnicas de tecelagem e artesanato de ouro e prata. Não possuem escrita, utilizando um sistema de cordas coloridas com nós para a contabilidade e as mensagens. Desenvolvem a engenharia de construção de estradas (10 mil km), pontes e centros urbanos. A partir da fundação da cidade-Estado Cuzco , no século XIII, é estabelecido um Estado teocrático absolutista, tendo à frente o rei soberano (Inca). No século XV formam um império que se estende da região onde hoje está Quito (Equador) até Santiago (Chile). Em 1534 não resistem à invasão espanhola.
ESTRUTURA DA PRODUÇÃO COLONIAL
Segue caminhos diferenciados. Nas Américas do Sul e Central e no sul da América do Norte desenvolvem-se majoritariamente as chamadas colônias de exploração. Na parte setentrional da América do Norte se cria uma economia de minifundiários, com base no trabalho familiar livre (colônias de povoamento). Em todos os novos territórios expande freneticamente a busca de metais e pedras preciosas.
Colônias de exploração - Visa transferir as riquezas geradas pela colônia para a metrópole. Baseia-se na existência de grandes extensões de terras férteis para o cultivo de monoculturas, como cana-de-açúcar, tabaco e algodão. Elas dão origem às plantations ou latifúndios monocultores, tendo os escravos como principal força de trabalho. O tráfico negreiro para alimentar a monocultura dos latifúndios torna-se uma das principais e mais lucrativas atividades do comércio marítimo, entre os século XVI e XIX.
Colônias de povoamento - Excedentes populacionais, perseguições religiosas e o crescimento da demanda de produtos agrícolas pela população européia estimulam a Coroa inglesa à implantação de colônias de povoamento. Caracteriza-se pela ocupação do território por homens livres com direito a estabelecer estruturas de produção agrícola familiares, no modelo de minifúndio e policultura.
Império colonial espanhol - Inicia-se com a conquista das populações pré-colombianas, em 1503. Há um violento processo de execuções, escravização e pilhagem das riquezas do antigo império asteca. No Peru, a conquista e destruição do império inca têm início em 1531. No rio da Prata as populações indígenas resistem às tentativas de fundação de Buenos Aires desde 1536. Os indígenas do Paraguai são reunidos nas missões ou reduções jesuítas a partir de 1540. A exploração das minas de metais preciosos é a principal atividade econômica.
"Mita e cuatequil" - Sistemas de trabalho forçado que utiliza mão-de-obra indígena. Nas minas peruanas, esse trabalho recebe o nome de mita, e nas minas mexicanas, de cuatequil.
"Encomienda e repartimiento" - Paralelamente à economia mineira, desenvolvem-se atividades subsidiárias como a agricultura e pecuária, nas quais os índios também são aproveitados como mão-de-obra. Por meio do repartimiento, a terra é dividida entre os colonos e, pela encomienda, lhes é confiado certo número de índios. Em troca do trabalho, o encomendador encarrega-se de manter e cristianizar os índios. Na prática, muitos são escravizados.
Casa de Contratação - Criada em Sevilha em 1503 para controlar a exploração colonial. Ela detém o monopólio das mercadorias comercializadas entre a Espanha e a América, combate a possibilidade de contrabando e assegura a cobrança de impostos.
Colonização portuguesa - Com o declínio do comércio na Ásia, Portugal passa a ocupar definitivamente o território brasileiro, por meio da implantação de 12 capitanias hereditárias e da instalação de sesmarias. Os povoadores recebem as sesmarias como doação para desenvolver os cultivos de exportação e, posteriormente, a criação de gado.
Capitanias hereditárias - A partir de 1534 são concedidas a nobres que se comprometem a organizar o povoamento, a exploração e a defesa do território. Os donatários têm o poder político, civil e militar sobre as capitanias. Doam sesmarias por permissão real, estimulando a colonização por meio da instalação da monocultura da cana-de-açúcar e de engenhos. Organizam a procura do ouro e pedras preciosas e a caça aos indígenas. A maioria das capitanias fracassa devido à resistência indígena e à falta de recursos dos donatários.
Engenhos - Englobam as plantações de cana, a senzala dos escravos, as oficinas e mecanismos de moagem e purgação, as estrebarias e a casa-grande do senhor de engenho. A utilização de gado para movimentar as moendas é a base da expansão da pecuária pelo interior, no século XVI.
Conselho ultramarino - Criado por dom João IV, em 1642, após a restauração da monarquia portuguesa contra o domínio espanhol, para realizar a administração das colônias portuguesas, sob controle direto do rei. Retira paulatinamente o poder e a autoridade dos donatários, subordinando-os aos governadores-gerais nomeados pelo rei.
América inglesa - Os ingleses começam a colonização da América do Norte em 1607. O povoamento se dá por meio de colônias reais e colônias de proprietários, controladas pela Coroa. A cultura algodoeira é implantada nos territórios sulistas (Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia), que apresentam condições favoráveis para o cultivo. Desenvolve-se uma economia e uma organização sociopolítica diferente da colonização do norte, com base no trabalho escravo importado da África. Forma-se uma camada rica de grandes proprietários territoriais associada a grandes comerciantes exportadores.
Domínio francês - Os franceses instalam-se na América, na região dos rio São Lourenço e dos Grandes Lagos, com as colônias de Terranova, Nova Escócia e Nova França, a partir de 1603. Quebec é fundada em 1608 e Montreal em 1643. A partir de 1682, instalam-se no vale do Mississíppi (Louisiana) e fundam Nova Orleans.
Guerra dos Sete Anos - De 1756 a 1763, entre Inglaterra e França, em virtude da ocupação inglesa dos territórios da Terranova e Nova Escócia. Os colonos britânicos aumentam a pressão sobre os territórios franceses pouco povoados. O êxito inicial francês nas colônias americanas acirra as disputas no continente europeu. A Inglaterra alia-se à Prússia e bloqueia os portos franceses. Os ingleses tomam Quebec e Montreal e chegam até a região dos Grandes Lagos. Também conquistam territórios franceses nas Antilhas, na África e na Índia. A França cede à Inglaterra o Canadá, Cabo Bretão e Senegâmbia e, à Espanha, a Louisiana. A Espanha, por sua vez, cede a Flórida aos ingleses.
Colonização da África - Desenvolve-se com a instalação de feitorias e enclaves no litoral ocidental e a introdução do tráfico negreiro no final do século XV. A captura e o comércio de escravos dividem tribos e etnias e causam um processo de desorganização da vida econômica e social dos africanos. Mais de 22 milhões de africanos são exportados para as Américas e mais de 11 milhões morrem durante as viagens. A obtenção de pedras, metais preciosos e de especiarias como marfim e peles, a serem exportados para a Europa, se dá pelo sistema de captura e pilhagem. Esses métodos predadores provocam o abandono da agricultura e o atraso no desenvolvimento manufatureiro.
Colonização da Ásia - As feitorias e enclaves coloniais na Ásia constituem plataformas de exportação de especiarias e bens preciosos durante os séculos XVII e XVIII. Em meados do século XVIII a colonização dos territórios orientais transforma-se em domínio de regiões e países inteiros. A Inglaterra assegura sua soberania sobre a Índia em 1757, enquanto a França se firma na Indochina, e a Holanda nas Índias Orientais (Indonésia).

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